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Aumentos salariais? Setor a setor e "sem intervenção do Estado"

01 out, 2018 - 15:17

A Renascença ouviu o presidente da Confederação de Comércio e Serviços de Portugal sobre a reivindicação da CGTP, que hoje marcou uma manifestação nacional em defesa de um aumento nos salários de todos os portugueses.

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Os aumentos salariais “devem ser negociados setor por setor, em função das suas características”, defende João Vieira Lopes, presidente da CCP (Confederação de Comércio e Serviços de Portugal).

“Grande parte da economia está a correr bem, mas há setores que estão a correr menos bem e por isso pensamos que, em cada setor, o sindicato respetivo mais a associação patronal respetiva é que têm de encontrar os valores adequados”, acrescenta.

João Vieira Lopes esteve em direto no noticiário da Renascença, às 12h00, para reagir à reivindicação da CGTP, que quer aumentos salariais para todos os portugueses no próximo ano.

“Não temos nada contra uma subida de salários, achamos é que o Estado deve intervir o menos possível” e a negociação deve ser “livre, entre os representantes dos trabalhadores e os das empresas”, afirma o presidente da CCP.

Parece certo que o Governo vai avançar com aumentos salariais na função pública – foi, pelo menos, essa a vontade manifestada na última ronda negocial com bloquistas e comunistas e assumida publicamente por Carlos César, líder parlamentar do PS.

João Vieira Lopes lembra que Portugal tem mais empregados do que os que trabalham para o Estado.

“A esquerda parlamentar, infelizmente, tem em geral uma visão muito limitada da economia e grande parte dessas discussões têm estado a ser feitas dentro da função pública. Ora, havendo 500 ou 600 mil funcionários públicos, existem quase cinco milhões de empregados em Portugal, portanto, as lógicas são diferentes”, alerta.

Daí, a negociação setor a setor e sem “excesso de intervenção do Estado”.

Mas há um outro fator para o qual o presidente da CCP chama a atenção e que, no seu entender, tem de ser levado em consideração para haver aumentos salariais: a produtividade.

“O aumento da produtividade em Portugal significa que o Governo, neste Orçamento do Estado e nos outros, tem que investir cada vez mais nas áreas da formação, melhorar a gestão das empresas e qualificar melhor os empresários – que em Portugal, a maior parte, é de pequena dimensão. Assim, pensamos que conseguiríamos ter um desenvolvimento harmonioso”, defende na Renascença.

João Vieira Lopes reconhece que “a situação global da economia tem evoluído positivamente”, mas avisa: “forçar demais um conjunto de aumentos que as empresas não aguentem acaba por ter situações negativas, nomeadamente em termos de emprego”.

“Penso que é preciso muito bom senso e não ser radical nem maximalista”, resume.

A CGTP marcou para 5 de novembro uma manifestação nacional para exigir aumentos de salários no próximo Orçamento.

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  • Assalariado miseria
    01 out, 2018 Portugal 17:17
    Ora, ora... Se dependesse do Patronato e das suas pseudo-negociações, o que haveria era cortes salariais. Não foi o tipo da CIP, que defendeu em pleno período da noite PSD-CDS um corte de salários até 30%, e um modelo para a TSU semelhante ao do Passinhos de Massamá? O Patronato Português é quase todo do género de "Nuno Carvalho da Padaria Portuguesa" e a única coisa que querem é a legitimação e legalização da semi-escravatura. Se as coisas não lhes forem impostas, por eles, nada dão a ninguém.

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