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Nau descoberta no Tejo faz parte de todo um mundo submerso de História

26 set, 2018 - 15:13

O diretor científico do Projeto da Carta Arqueológica Subaquática de Cascais esteve na Manhã da Renascença a explicar a importância do mais recente achado e quais os planos para o futuro.

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Entrevista a Jorge Freire director do Projeto da Carta Arqueológica Subaquática de Cascais, Manhã RR (26/09/2018)

É um trabalho para vários anos aquele que se iniciou com a descoberta da nau que se crê pertencer à Carreira da Índia, descoberta na foz do Tejo, nas imediações do Bugio.

“A nossa perspectiva neste momento é criar um plano com o objetivo, a curto/médio prazo, de criar um campus universitário, um campus de formação académico, juntando duas instituições de ensino: a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e a Escola Naval, porque também tem um centro de investigação naval que se dedica ao ensino da história marítima”, revela Jorge Freire, diretor científico do Projeto da Carta Arqueológica Subaquática de Cascais, projeto que esteve na origem daquela descoberta.

A Direção Geral do Património será um parceiro, “obviamente, porque tem um novo laboratório de conservação que irá entrar em funcionamento, como anunciou o ministro da Cultura, no início do próximo ano”, adiantou, concluindo que “há todo aqui um potencial enorme que vamos estar a trabalhar a partir de agora, num plano para vários anos”.

Convidado da Manhã da Renascença, Jorge Freire diz que, para já, os objetos descobertos vão ser analisados e registados “in sito”, mas depois será feita “uma avaliação, com todos os intervenientes e todos os investigadores, nomeadamente com os conservadores/restauradores, sobre o destino que se há de dar aos bens”.


A nau agora descoberta é apenas uma das embarcações que naufragou, ao longo dos séculos, no rio Tejo.

“Historicamente, e só falando em documentação histórica, sabemos que há pelo menos 100 naufrágios ocorridos à entrada da barra do Tejo, a partir do século XVI” e “a descoberta deste aconteceu porque estamos a trabalhar em outros”, afirma o diretor do Projeto da Carta Arqueológica Subaquática de Cascais.

“Este projeto municipal já tem identificados 133 sítios ao longo do litoral de Cascais. Cada sítio destes corresponde a um bem cultural e alguns deles são navios afundados”, explica ainda.

Entre os objetos descobertos estão “canhões e âncoras, navios em ferro, navios em aço, elementos de navegação da época romana, como cepos – elementos das âncoras romanas – e também algumas âncoras em pedra anteriores ao período romano. Temos aqui um potencial enorme. Também do ponto de vista de diversidade cultural, temos elementos da coroa de Espanha, italianos, temos um mundo enorme”, indica.

A descoberta da nau da Carreira da Índia, ainda com pimenta a bordo e em bom estado de conservação, aconteceu no dia 3 de setembro. “Os primeiros a chegar foram o professor António José Bettencourt, da FCSH, e Augusto Salgado, comandante de Mar e Guerra e também professor de história. As primeiras imagens do repórter de câmara que os acompanhava são de uma grande festa que entre eles”, revela Jorge Freire, que depois se juntou à equipa de mergulhadores.

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