25 set, 2018 - 17:10 • Fotos: Sara Ferreira
“Estou aqui desde as seis da manhã do primeiro dia. Só ontem é que fui a casa tomar banho e mudar de roupa. Eu queria que isto fosse resolvido o mais rápido possível, não é com prazer que estamos aqui. É com um sacrifício muito grande e esgotamento”. João tem dormido no táxi e é no café ali ao lado, na avenida dos Aliados, que vai lavar o rosto, pela manhã. À mulher, tem pedido um esforço e redução nas despesas, "até isto ter um fim, para conseguir melhorar as economias." (João Rato, 71 anos, taxista há 50).
“Vamos aguardar e estar todos unidos. Acho que o Governo nos vai ajudar. O meu pai era taxista, eu só vejo o táxi. As outras plataformas estão a entrar de forma desleal e isso é muito mau. Nós não desistimos, temos de nos unir, somos um setor que faz muito à sociedade e ela tem de compreender o que se está a passar”. Fernando Silva faz-se acompanhar da mulher, que está desempregada. Ainda não fez contas ao prejuízo para não se assustar, mas a certeza é uma: “Com a viatura parada, não ganhamos dinheiro, mas não podemos desistir”. (Fernando Silva, 53 anos, taxista há 22).
João Araújo é taxista em Braga. Juntou-se ao protesto no Porto. Vem pelo terceiro dia de Braga, de propósito, para “continuar a lutar pelos direitos” daquela que é a sua profissão. “Vamos continuar enquanto houver colegas”, garante. (João Araújo, 58 anos taxista há 33)
“Os jornais cada vez mais falam menos de nós, já não somos notícia de primeira página. Gosto muito da minha profissão. Agora, estamos aqui nesta luta. Não estamos contra as novas plataformas, mas queremos uma regulamentação. Eu, por mim, mantenho-me aqui. Está cada vez mais difícil, porque nós não ganhamos dinheiro e chegam os prazos e temos de pagar na mesma. Já perdi bastante”. João Passos tem alternado no protesto com o colega com quem tem sociedade e tem contado com o apoio da mulher. (João Passos, 50 anos, taxista há 16)
“Bom senso, espero bom senso. O Governo deve ter responsabilidade naquilo que faz. Nunca estive num protesto que se arrastasse por tantos dias. A única coisa que não se gasta aqui é o combustível”. Taxista há mais de 30 anos, José Mar, já viu passar milhares de pessoas pela viatura. Depois de muito calcorrear Avenida dos Aliados, fala à Renascença sentado na sua viatura, onde se refugiou para descansar e ler o jornal. (José Mar, taxista "há mais de 30 anos")