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Papa invoca “firmeza” de Maria contra a marginalização dos excluídos

24 set, 2018 - 14:39 • Aura Miguel , na Letónia, com Filipe d’Avillez

Francisco visitou esta tarde um santuário mariano na Letónia e fez uma homilia com recados para todos os países que estão a lidar com um crescimento dos movimentos populistas e nacionalistas.

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Papa invoca “firmeza” de Maria contra a marginalização dos excluídos
Papa invoca “firmeza” de Maria contra a marginalização dos excluídos

O Papa invocou esta segunda-feira a firmeza de Nossa Senhora, que recusou abandonar Jesus crucificado, contra as situações de marginalização e exclusão das pessoas que se encontram “fora do sistema”.

Numa homilia no Santuário da Mãe de Deus, em Aglona, na Letónia, Francisco disse que a posição de Maria junto à Cruz tem um grande simbolismo. “Maria está firmemente ‘de pé’ junto de seu Filho. Não se trata dum modo descontraído de estar, nem evasivo e, menos ainda, pusilânime. Está, com firmeza, ‘cravada’ aos pés da cruz, expressando com a posição do seu corpo que nada e ninguém poderia movê-La daquele lugar.”

Desta descrição, considera o Papa, pode-se fazer uma leitura social que ressoa nos nossos dias. “É assim que Maria Se mostra em primeiro lugar: junto daqueles que sofrem, daqueles de quem todo o mundo foge, nomeadamente os que são julgados, condenados por todos, deportados. Não se trata apenas de oprimidos ou explorados, mas estão diretamente ‘fora do sistema’, à margem da sociedade”.

Estes excluídos, diz Francisco, precisam sobretudo desta presença firme, e não de “turismo solidário” ou de mera presença descomprometida, que pode até existir no seio das famílias. “É necessário que aqueles que padecem uma realidade dolorosa nos sintam a seu lado e da sua parte, de maneira firme, estável; todos os descartados da sociedade podem experimentar esta Mãe delicadamente próxima, porque, naqueles que sofrem, permanecem as chagas abertas do seu Filho Jesus”, diz.

O Papa falava durante uma visita aos países bálticos, nomeadamente na Letónia, que partilha uma fronteira e uma relação por vezes difícil com a Rússia e tem ainda uma significativa minoria de etnia russa, que se queixa de discriminação em assuntos relacionados com o uso da língua e defesa da identidade. Neste contexto, Francisco recordou que nem sempre é fácil a abertura aos outros.

“É verdade que, às vezes, a abertura aos outros nos fez muito mal. E também é verdade que, nas nossas realidades políticas, a história do choque entre os povos permanece ainda dolorosamente viva. Maria mostra-Se como mulher aberta ao perdão, que põe de lado ressentimentos e desconfianças”, disse Francisco, concluindo que “num período em que parecem voltar mentalidades que nos convidam a desconfiar dos outros, que querem demonstrar-nos com estatísticas que estaremos melhor, teremos mais prosperidade, haveria mais segurança se estivéssemos sozinhos, Maria e os discípulos destas terras convidam-nos a acolher, a apostar de novo no irmão, na fraternidade universal.”

A visita do Papa Francisco entra na sexta-feira no seu último dia, com uma visita à Estónia, onde ficar durante o dia, regressando nessa mesma noite a Roma.


A jornalista da Renascença Aura Miguel acompanha o Papa Francisco na sua Viagem Apostólica à Lituânia, Letónia e Estónia com o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

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