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Não são de Medicina nem de Engenharia. Conheça as duas caloiras de 20 da Universidade do Porto

22 set, 2018 - 11:00

Leonor Castro vem de Gondomar. Tiana Holzhauer viaja da Alemanha. As duas chegam ao Porto com um trajeto académico cheio de notas máximas e algumas mudanças de estrada.

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Todos os anos, as médias mais altas de cursos do Ensino Superior pertencem a cursos de áreas de Engenharia ou Medicina. Mas duas das caloiras com as melhores notas do país decidiram inverter a tendência. Leonor e Tiana fizeram entraram na Universidade do Porto com médias de 20 valores, sem qualquer arredondamento. Agora, esperam continuar com as boas notas em Direito e Relações Internacionais, respetivamente.

As duas tiveram trajetos bem diferentes. Leonor Castro, de Gondomar, estudou no Colégio Luso-Francês e na Escola Secundária de Gondomar durante o ensino secundário; já Tiana Holzhauer tem uma história bem diferente, pois a sua média de 20 valores já foi conseguida em 2015.

"Eu já comecei a estudar na Alemanha. Fiz um ano de Estudos Islâmicos e de Português em Friburgo, a minha cidade natal. E depois fiz mais um ano de Direito, também em Friburgo. Só que senti sempre que algo não estava a bater certo, que não era vida que eu queria viver, por isso decidi voltar ao Porto", diz à Renascença.

Tiana já tinha morado em Portugal antes. Na realidade, Portugal foi quase um país de transição. A estudante de origem germânica morou no Líbano, onde fez o ensino básico até aos 12 anos, passou pelo Porto e foi depois para a Alemanha fazer o ensino secundário. Foi aí que, "com muito trabalho, muito esforço e com muita dedicação também", conseguiu as notas máximas em tudo o que foi avaliada.

Apesar das notas máximas na Alemanha, Tiana não se recorda propriamente do método de estudo que a levou ao sucesso académico no ensino secundário. "Já foi há alguns anos, por isso não me lembro de tudo. Também nunca tive assim muita dificuldade para aprender as disciplinas na escola. Não sei, talvez seja um dom", brinca a nova caloira de Relações Internacionais.

Mas a vida na Alemanha não estava a ser do agrado de Tiana, que já tinha experimentado outros cursos. "Não gostei muito do curso de Direito e por isso quis mudar alguma coisa na minha vida e decidi voltar". Decidiu, então, explorar outra área, noutro país. Escolheu Relações Internacionais, na Universidade do Porto.

"Eu sempre tive vontade de trabalhar no mundo da diplomacia, gosto muito de línguas e queria combinar isso com um pouco de direito, de sociologia, história, economia, política, para ter uma base para depois poder trabalhar no mundo da diplomacia", esclarece Tiana.

No Porto, na Faculdade de Letras, Tiana espera prosseguir o sonho de trabalhar no mundo internacional. "Se eu pudesse, gostaria de trabalhar numa embaixada. É esse o meu sonho profissional", diz a estudante.

Três anos em busca do 20

Se Tiana saiu desmotivada depois de tentar o curso de Direito, Leonor entra na Faculdade de Direito do Porto com o sonho de entrar na magistratura, "seja como juíza ou como procuradora".

Leonor explica o seu trajeto até chegar à universidade. "Eu tinha média de 20, realizei os exames nacionais de português e história no 12º ano e usei história como prova de ingresso e, portanto, a média de ingresso foi 20".

Tirar a nota máxima num exame de história não é fácil. Leonor reconhece que foi preciso "muito trabalho" e uma boa gestão do estudo. Na preparação para o exame "tinha os dias planeados e para cada dia tinha objetivos de estudo".

Ao gosto pela disciplina, que a ajudou a motivar-se, Leonor aliou o estudo contínuo. "Foram três anos a estudar e acabou por não ser difícil na altura do exame, não tive que estudar tudo à última da hora e isso facilitou", conta.

Ser "marrona" não impede nada

Leonor e Tiana foram alunas de nota máxima durante os seus percursos, mas será que ter notas de excelência implica não ter vida social? Leonor diz que isso "é um mito". Não se lembra de ter abdicado de saídas com amigos ou família para estudar, embora admita que em vésperas de testes ou exames isso possa ter acontecido uma ou outra vez. "Conseguia conciliar tudo muito bem", garante.

Aliás, durante os dois primeiros anos do secundário, enquanto estudava no Colégio Luso-Francês, Leonor era federada em voleibol. Prática que só abandonou no 12º ano quando se mudou para a Escola Secundária de Gondomar.

O segredo, diz, foi manter-se focada. "Eu sabia o que queria, tinha objetivos, tinha planos para cumprir e essa ambição deu-me força". O facto de ter escolhido a área de humanidades, aquela "que sempre quis", também ajudou. "Estar feliz no curso, motivava-me".

Já Tiana, apesar de não ter pertencido a nenhum grupo de atividades extra-curriculares, sempre diz que sempre tentou ter uma vida social ativa, o que até a ajudou nos estudos. "É preciso ter uma cabeça livre para depois estudar melhor e ter ainda melhores notas", diz.

A estudante que chega da Alemanha lê, escreve, e desenha em casa. As atividades extra-curriculares nunca foram hobbies regulares e, para já, não considera tentar algo novo na universidade. "Eu considero a vida uma aventura, por isso não sei. Mas isso para mim chega. Estou muito feliz assim", afirma Tiana.

Comentários
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  • Filipe
    22 set, 2018 évora 20:54
    E que tal fazerem um artigo na comunicação social com os dados de todos os jovens que entraram nos últimos 10 anos nas Universidades com as melhores notas do secundário e fazer um apanhado com que nota terminaram as Universidades e o que fazem hoje .
  • Duarte
    22 set, 2018 Dentro 19:22
    Em primeiro uma pequena observação, mesmo que quisessem entrar em medicina ou engenharia de certeza que não poderiam, há umas pequenas coisitas que se chamam matemática, química, física, biologia... Ter 20 valores é fantástico por isso os meus sentimentos por terem escolhido os cursos melhores para ter direito ao subsídio de desemprego. O que é interessante é que Relações Internacionais é um curso bom para os subsídios e Direito é bom para o desemprego! Quanto não vale ser jovem e ter sonhos!

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