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Habitação. Quatro em cada dez portugueses não encontra a casa que quer

14 set, 2018 - 07:00 • João Carlos Malta

O 1º Observatório de Imobiliário em Portugal mostra que há um défice na oferta de casas para arrendar a menos de 500 euros e nas habitações que valem menos de 100 mil euros.

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A casa ideal dos portugueses fica no centro da cidade, tem três quartos, duas casas de banho, garagem, custa um pouco mais de 138.5 mil euros. No entanto, segundo o 1º Observatório do Mercado da Habitação em Portugal, promovido pela Century 21, quatro em cada dez portugueses não encontra a casa que procura.

O fator que faz com que as pessoas tenham mais dificuldade em encontrar habitação é claramente financeiro, um terço dos consumidores refere que o valor não se ajusta ao orçamento.

O mercado regista um défice significativo de habitações para arrendamento no segmento de preço mais baixo. A oferta para arrendamento por valores até 500 euros mensais é de 61,4%, o que revela uma escassez de 12,7 pontos percentuais em relação aos 74,1% da procura.

Tendo em conta que o preço médio de oferta de arrendamento, a nível nacional, se situa nos 536,99 euros conclui-se que este valor supera em 37 euros o valor médio dos que querem arrendar uma habitação estão dispostos a pagar, dado que a procura indica disponibilidade para rendas mensais até 500 euros.

Na compra o desfasamento, entre o preço médio de venda que é de 173 mil euros e o valor que os portugueses têm para dar por uma casa, é de 34.500 euros.

A nível nacional, o preço médio que os portugueses pretendem pagar por uma habitação é de 138.263 euros. Este valor ultrapassa os 165 mil euros em Lisboa, mas recua para os 137.587 euros no Porto, para os 130.708 euros no Algarve e cai até aos 126.000 euros nas restantes zonas do País.

“A evolução dos preços foi muito mais rápida do que a evolução do rendimento disponível. O aumento dos salários não acompanhou o aumento dos preços. O poder de aquisição é o maior problema neste momento”, afirma à Renascença Ricardo Sousa, administrador da Century 21.

A forma como os compradores estão a resolver este desfasamento entre o que querem e o que podem adquirir, segundo Ricardo Sousa, passa em primeiro lugar por abdicar da zona que tinham escolhido, e depois optar por uma casa de menor dimensão.

O estudo determina ainda que são as mulheres que mais procuram arrendar ou comprar casa. Têm entre os 18 e os 39 anos, são casadas ou estão em união de facto, possuem estudos superiores, e detém um rendimento médio entre os mil e os dois mil euros.

Um país de proprietários

O 1º Observatório do Mercado da Habitação mostra que Portugal continua a ser um país de proprietários.

Para os portugueses, a aquisição de casa própria continua muito enraizada, sendo a escolha preferencial de 89,7% - e este indicador excede os 90% entre as pessoas dos 30 aos 49 anos, aqueles que são casados ou vivem em união de facto, aqueles com menor nível de educação e aqueles que têm um maior nível de rendimentos.

Apenas 10% preferem o arrendamento. Entre as razões apontadas para a preferência por casa própria, 58% consideram ser um investimento futuro e 38% salienta que essa é a maneira de criar um lar. Entre as pessoas com mais de 50 anos, a ideia de deixar alguma coisa para os filhos ganha importância.

A venda ou arrendamento da habitação gera felicidade e entusiasmo. Já os sentimentos dos compradores dividem-se entre a ansiedade e tensão por não encontrarem o que pretendem e o entusiasmo com a perspetiva de mudar de casa.

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