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Papa aceita resignação de mais um bispo americano suspeito de abusos

13 set, 2018 - 13:51

Michael J. Bransfield, da diocese de Wheeling-Charleston, já tinha sido acusado de abusos há vários anos, mas negou qualquer crime. Bispos americanos estão nos EUA para encontro com Francisco.

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O Papa Francisco aceitou esta quinta-feira a resignação de mais um bispo americano, na sequência da crise de abusos sexuais e de encobrimento que está a abalar aquela igreja.

O bispo da diocese de Wheeling-Charleston, Michael J. Bransfield, apresentou a sua resignação ao Papa, que a aceitou, ao mesmo tempo que ordenou a abertura de uma investigação do Vaticano sobre alegados abusos praticados pelo prelado.

Bransfield nunca foi formalmente acusado pela justiça, mas num processo envolvendo outro padre acusado de abusos pelo menos duas das vítimas disseram que o bispo tinha conhecimento dos atos praticados contra si e um deles afirmou que o padre Gana, o abusador, lhe tinha dito que o bispo mantinha relações sexuais com rapazes adolescentes.

Na altura em que surgiram as acusações o bispo negou veementemente qualquer crime e disse que jamais tinha abusado sexualmente de alguém. Um homem que tinha sido referido como sendo uma alegada vítima do bispo também negou os factos.

A atual crise nos Estados Unidos começou quando as autoridades civis e religiosas anunciaram que existia uma alegação de abuso de menores contra o cardeal Theodore McCarrick, arcebispo emérito de Washington, que tinha sido considerada credível. O agora ex-cardeal foi suspenso e mais tarde retirado do Colégio Cardinalício. Rapidamente, porém, começaram a multiplicar-se as alegações e tornou-se claro que McCarrick, outrora uma das principais figuras da Igreja americana, tinha mantido durante anos uma rede de jovens seminaristas e padres com quem mantinha relações impróprias. Soube-se também que várias figuras da Igreja tinham tido conhecimento destes factos mas que nunca o denunciaram, permitindo que o sacerdote fosse subindo na hierarquia.

McCarrick enfrenta agora um processo canónico e poderá mesmo ser reduzido ao estado laical. Entretanto o seu sucessor, Cardeal Wuerl, já anunciou que irá em breve a Roma pedir ao Papa que aceite a sua resignação, pois sente que a arquidiocese precisa de liderança nova para enfrentar a crise. Wuerl sempre negou ter tido conhecimento dos desvios de McCarrick.

Caso o Papa aceite também a demissão de Wuerl, como tudo indica, subirá para três o número de bispos afetados diretamente por esta crise, numa altura em que as três principais figuras da Conferência Episcopal americana se encontram em Roma para discutir o assunto com Francisco.

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