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PPE não sabe o que fazer com Viktor Orbán

11 set, 2018 - 17:00 • Susana Madureira Martins , em Estrasburgo

Família política europeia do primeiro-ministro da Hungria guarda para quarta-feira uma decisão definitiva sobre se dá "luz verde" a sanções contra o governo de Orbán.

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O líder do grupo do Partido Popular Europeu (PPE), Manfred Weber, assumiu, esta terça-feira, que ainda não sabe que decisão é que a família política que une o centro-direita no Parlamento Europeu vai tomar perante a proposta de aplicar sanções à Hungria.

O PPE é a família política europeia do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, e, no debate que decorreu esta terça-feira no hemiciclo de Estrasburgo, Manfred Webber disse que a decisão só deverá ser tomada esta noite com vista à votação de quarta-feira.

Com um discurso muito cauteloso, Weber disse, perante o próprio Orbán, que prefere "construir pontes nas fases mais críticas", dando conta da hesitação que reina no seio do PPE nesta questão.

A proposta para avançar com sanções contra o governo húngaro foi apresentada pela euro-deputada que produziu o relatório da comissão de liberdades e garantias e que prevê que seja acionado o artigo sétimo dos Tratados Europeus, que prevê a suspensão de direitos a um Estado-membro, sanções que requerem uma votação por maioria qualificada.

Judith Sargentini, do grupo dos Verdes, foi incisiva nos quatro minutos em que falou: "é nosso dever agir", disse aos eurodeputados, com o próprio Viktor Orbán a assistir e a participar na sessão plenária.

Sargentini garante que o relatório prova que a Hungria não está a cumprir os preceitos fundadores da União: respeito pela dignidade humana, liberdade democracia e respeito pelos direitos humanos. E deu um exemplo:"o governo húngaro silenciou efectivamente órgãos de comunicação independentes" no país, concluindo que "as futuras gerações não vão ter direito a pensamentro crítico".

"Somos todos guardiães do tratado", disse Sargentini, concluindo que a União tem "a tarefa de defender a tolerância" e que "o artigo sétimo é inevitável".

Orbán avisa que Hungria não vai "sucumbir à chantagem"

Sentado junto à mesa da presidência do Parlamento Europeu, o primeiro-ministro da Hungria usou da palavra durante quase dez minutos para avisar que o país "vai colocar um fim à imigração clandestina" e que não vai "sucumbir à chantagem".

Muito aplaudido nas galerias, Viktor Orbán assumiu que a posição que tem sobre os imigrantes em nada vai mudar a posição da União Europeia em relação ao governo húngaro e que o relatório da euro-deputada Sargentini "insulta a Hungria" , é "uma violação dos Tratados" e que se trata de "uma bofetada na União Europeia".

Falando em húngaro, Orbán avisou que recusa "as ameaças feitas por campanhas de difamação", que não irá "sucumbir à chantagem" e que o seu partido político o Fidesz está disposto "a concorrer às eleições europeias" de maio do próximo ano.

Na véspera da votação sobre as eventuais sanções à Hungria, Orbán salientou que pertence à família política "mais bem sucedida do Parlamento Europeu", o PPE, concluindo que a União "quer excluir um país que tomou decisões claras nas eleições europeias".

A votação dos eurodeputados irá ocorrer no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, esta quarta-feira, exactamente no mesmo dia em que decorre o debate sobre o estado da União. O presidente da Comissão Europeia irá fazer o habitual balanço do trabalho da instituição que dirige. Será, de resto, o último debate do género em que Jean Claude Juncker participa, tendo em conta que está em final de mandato.

A Renascença viajou a convite do Parlamento Europeu

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