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Pôs a Madeira no top do ensino superior por não conseguir encontrar casa em Lisboa

09 set, 2018 - 15:18 • Inês Rocha

Juan Baptista, luso-venezuelano que pôs o curso de Engenharia Civil na Madeira no primeiro lugar do ranking das médias mais altas a nível nacional estudou no Instituto Superior Técnico no último ano. Viver em Lisboa "não foi nada agradável", diz à Renascença.

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Este ano, o “ranking” das médias mais altas na primeira fase no Ensino Superior em Portugal contou com uma surpresa: Engenharia Civil (ensino em Inglês), na Universidade da Madeira, é, pela primeira vez, o curso com a nota do último colocado mais alta em Portugal.

O responsável por este resultado histórico é apenas um aluno: Juan Baptista, luso-venezuelano de 20 anos que foi o único aluno a concorrer a este curso, com uma média de 18,94 valores.

Em entrevista à Renascença, o jovem conta que não é a primeira vez que se candidata ao ensino superior. No último ano letivo, Juan frequentou o curso de Engenharia Civil no Instituto Superior Técnico (IST).

No entanto, decidiu regressar à Madeira, onde vive a família, no fim do primeiro semestre, por não conseguir suportar o “custo muito elevado de vida” em Lisboa.

Juan conta que a experiência de viver em Lisboa “não foi nada agradável”. Não tem razões de queixa do Instituto Superior Técnico, mas recorda meses muitos difíceis, em que não conseguiu arranjar uma casa adequada à sua capacidade financeira.

“Inicialmente, consegui ficar algum tempo em casa de uma pessoa conhecida, um familiar que me fez esse favor. Caso contrário não tinha onde ficar”, conta o estudante à Renascença.

Mais tarde, “consegui um quarto, mas as condições eram péssimas, terríveis. Entretanto procurei outro quarto, mas não encontrei nada que tivesse condições aceitáveis, por um preço menor do que 400-500 euros”, conta.

Juan ainda conseguiu colocação numa residência universitária, mas explica que mesmo essa hipótese não era viável. “No Técnico, a residência para alunos do primeiro ano é de quartos partilhados. Tinha que partilhar um quarto com outra pessoa. Tenho que admitir que sou introvertido, tímido e não quis essa opção”, explica.

O jovem nasceu na Venezuela mas mudou-se em 2015 para Portugal por causa da situação social e política no país de origem. Terminou o ensino secundário na Madeira, tendo terminado os estudos com uma média de 18,94 valores.

Apesar de ter sido o único a entrar neste curso no concurso nacional, Juan terá outros colegas a estudar com ele. "A universidade tem um protocolo com a África do Sul. Vão chegar alunos de lá, vão chegar também alunos que vão concorrer ao concurso para maiores de 23 anos, alunos externos e alunos que pedem transferência para este curso", explica o jovem.

O jovem ficou surpreendido por colocar a Universidade da Madeira no primeiro lugar das médias mais altas a nível nacional, mas não dá grande importância ao feito. "Não estava à espera que acontecesse porque não esperava ser o único aluno a candidatar-se a este curso. Foi surpreendente nesse sentido", diz.

No futuro, Juan quer ser engenheiro estrutural e fazer carreira a construir pontes. Depois de abandonar o curso no IST, diz estar feliz por ter entrado na Universidade da Madeira e espera que esta formação lhe dê as ferramentas necessárias para ter uma carreira de sucesso.

Comentários
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  • Filipe
    10 set, 2018 évora 18:22
    Este Governo em Portugal eleito na secretaria , não pelo povo , deu regalias aos caloteiros para investirem em Alojamento Local a fim de albergar os turistas lá de fora , os pés descalços , aqueles que lá auferem o ordenado mínimo . Chegados cá tomam conta de Portugal já que o ordenado mesmo mínimo de lá , cá vale muito . Tratados como ricos , esqueceram depois os estudantes e aqueles que precisam de casa como 1º habitação . Promovem agora a venda de quartos sem recibo , onde entram euros no bolso dos novos caloteiros sem darem conta na fazenda pública do que recebem . A autoridade tributária devia ir às Universidades saber quem são os estudantes de fora e verificarem onde residem e se tem recibo da guarita .

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