06 set, 2018 - 06:56 • Marília Freitas
“Desde puto que brincava ao teatro”, assim começa a história de Rui Paixão. Aos 14 anos, a brincadeira tornou-se mais séria e começou a fazer teatro de rua na terra natal, Santa Maria da Feira.
Daí até ao Cirque du Soleil passaram menos de dez anos, com a formação na Academia Contemporânea do Espetáculo, no Porto, pelo meio.
O rapaz “super envergonhado” é agora um palhaço profissional e tornou-se o primeiro criador português a integrar a mais conceituada companhia de teatro do mundo.
Dizer à família “quero ser palhaço” não foi fácil, conta à Renascença, mas isso não o desmotivou de trilhar um caminho diferente, explorando novas possibilidades para a linguagem do "clown" contemporâneo e do teatro físico.
“Sempre muito à base de improviso”, o seu desafio favorito. Na manga traz um trunfo: a caracterização. “Quanto mais eu me disfarçar, algo mais especial vai sair de mim. Costumo dizer que as minhas personagens são alter egos ampliados de mim próprio e, portanto, quanto mais exagerados, mais fora de mim for, melhor”.
Rui procura ser “completamente o oposto” da imagem que as pessoas têm dos palhaços e tem uma definição própria para o que faz: “o palhaço é aquele que procura o rosto que as pessoas tinham antes do mundo ter nascido. E esse rosto pode ser feliz, macabro, um caos, pode ser tudo”.
Para já está em Portugal e esta quinta-feira vai participar num espetáculo de circo contemporâneo no NorteShopping, no Porto, numa criação exclusiva do Instituto Nacional de Artes do Circo (INAC).
Um espetáculo fora de um palco convencional, como prefere Rui, habituado às lides do teatro de rua. “A grande diferença entre o teatro e o espaço público é que o teatro é um jardim zoológico, em que as pessoas pagam para ir ver os leões, e a rua é a selva, vais entrar e podes não sair. E eu normalmente não gosto de deixar as pessoas saírem ilesas. Sou um palhaço de selva”, afirma.
No final do ano, vai juntar-se ao Cirque du Soleil para uma grande produção na China.
Veja o vídeo da entrevista.