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Igreja convidada a renovar-se a partir das paróquias

04 set, 2018 - 22:25 • Olímpia Mairos

Pastoral Social reflete em Fátima sobre o papel das paróquias.

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Em tempo de mobilidade, como a que se vive hoje, a Igreja é chamada a acolher e aceitar a mudança cultural e adaptar-se a essa realidade, para ser resposta próxima e evangélica.

“É importante perceber que os tempos em que vivemos são tempos de grande transformação cultural e que a Igreja deve ter em consideração e adaptar-se convenientemente”, defende o padre Tiago Freitas da Arquidiocese de Braga.

O sacerdote, que proferiu a conferência de abertura do encontro da pastoral social, entende que o caminho a percorrer pela Igreja “passa por encontrar um modelo adequado de paróquia para os dias em que hoje vivemos, encontrar um modelo pastoral adequado, mas também, ao mesmo tempo, preocupar-se com a renovação da vida das paróquias”.

“Não interessa só encontrar o modelo adequado, se, depois, não tivermos cristãos que estejam presentes nas paróquias e que sejam o motor da vida da Igreja. Os leigos, através dos seus ministérios reconhecidos, poderão ser um impulso muito forte para a revitalização da Igreja”, considera o sacerdote em declarações à Renascença.

E nesse sentido o padre Tiago Freitas defende a criação de mais ministérios no seio da Igreja, porque “os tempos em que nós vivemos fazem-nos despertar para um conjunto de realidades existenciais e humanas, nas quais a Igreja deve estar presente”.

“Presente, não só a título voluntário, mas uma presença qualificada, estável, segura, por exemplo, no acompanhamento da dor, do luto, no acompanhamento dos jovens universitários, das escolas, dos hospitais, das prisões… São tudo realidades em que a Igreja ministerialmente deve estar presente através dos leigos”, exemplifica.

O sacerdote da Arquidiocese de Braga propõe, assim, um modelo de paróquia mais amplo e de maior proximidade, alargando o conceito de paróquia a outras realidades significativas, tais como: uma escola, um hospital ou um lugar de culto.

O padre Tiago Freitas admite que “ainda existe um clericalismo presente na Igreja” e defende que é necessário caminhar para uma Igreja mais próxima e samaritana.

“Parte desse clericalismo pode, de algum modo, manifestar-se numa vontade e num querer controlar tudo o que se passa nas paróquias, no governo da paróquia”, alerta, explicando que “o governo da paróquia pode e deve ser feito de um modo mais colegial, porque aquilo que é específico do sacerdote é esta categoria da presidência no discernimento comunitário, mais do que propriamente a ação de governo, que essa, sim, é própria de qualquer cristão”.

Já o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana defendeu que as paróquias devem ser marcadas pela “proximidade no cuidado do outro”.

“Se na paróquia não houver proximidade, algo não está bem”, referiu D. José Traquina, na abertura do Encontro Nacional da Pastoral Social.

Para o responsável pelo setor da Pastoral Social na Conferência Episcopal Portuguesa, “existe já anonimato, grande anonimato, dentro das paróquias”, sublinhando que “há pessoas que evitam o compromisso ou a partilha da sua experiência eclesial”.

O prelado considera ser necessária uma nova cultura, que seja capaz de superar problemas como o “bairrismo” ou o “individualismo”, com vista a promover a proximidade no “sentido mais alargado, da atenção ao outro”.

“Temos de correr o risco de sermos enganados e não desistir de ajudar quem precisa”, defendeu D. José Traquina.

O Encontro Nacional, promovido pela Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, decorre em Fátima, até à próxima quinta-feira.

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