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Vidro, mantas e restos de eletrodomésticos. É lixo e foi recolhido pelos autarcas de Chaves

10 ago, 2018 - 16:07 • Olímpia Mairos

O executivo municipal juntou-se ao projeto de intervenção ambiental que arrancou a 23 de julho e se prolonga até 14 de setembro, e que já permitiu recolher “mais de cinco mil litros de lixo” no concelho.

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Os vereadores e o presidente da autarquia de Chaves deixaram, esta sexta-feira, os gabinetes e foram para o terreno recolher lixo numa área florestal, nas margens da Estrada Municipal (EM) 507, que liga ao concelho de Montalegre.

Os autarcas juntaram-se, assim, aos voluntários da associação “Inspira!”, uma organização não-governamental que está a implementar um projeto de intervenção ambiental, que arrancou a 23 de julho e se prolonga até 14 de setembro, e já permitiu recolher “mais de cinco mil litros de lixo” no concelho.

De luvas nas mãos, Paula Chaves, vereadora do ambiente na autarquia flaviense, recolheu de tudo: vidro, papelão, mantas, plásticos e até restos de eletrodomésticos. Em declarações à Renascença, mostra-se “muito preocupada com a falta de civismo e, sobretudo, com a falta de educação das pessoas que, para tirarem o lixo de casa, estão a destruir o ambiente”.

“Esta é uma surpresa desagradável pela quantidade e pelas espécies de lixo”, afirma, realçando que “esta ação serve também para mostrar às pessoas que não podem continuar a depositar o lixo nas bermas das estradas e na floresta, porque o ambiente é de todos e é preciso preservá-lo. Com estas atitudes irresponsáveis, estamos a destruir aquilo que tanto precisamos, o oxigénio, o ambiente”, alerta.

Também o presidente da autarquia, Nuno Vaz, se mostrou surpreendido pela negativa com a “quantidade e diversidade” de resíduos que, esta manhã, ajudou a recolher.

“Apesar de em muitos locais, diariamente, se recolher o lixo, somos sempre surpreendidos, neste caso, pela negativa pela quantidade e também pela diversidade de lixo, de resíduos que encontramos, desde vidro, garrafas, cartões, papelão”, contacta o autarca, acrescentando que “todo e qualquer objeto é lançado no território, sem que as pessoas reflitam um bocadinho e percebam que existem soluções”.

Ao juntar-se aos voluntários, na recolha de lixo, o autarca de Chaves manifesta a sua preocupação com os “comportamentos indevidos” e pretende alertar a “população para olhar para as questões ambientais de uma forma diferente”.

“É necessária uma maior consciencialização coletiva no sentido que todos contribuirmos para um ambiente mais agradável, mais sadio. E essa é a obrigação de todos, é uma obrigação primeira dos cidadãos. Se não formos colaborantes, não podemos nunca ter o nosso território limpo, agradável”, defende o autarca.

O presidente da Câmara de Chaves assegura que o concelho dispõe de “várias respostas para os “resíduos sólidos urbanos, para o lixo indiferenciado, para o cartão ou o metal, vidro, bem como espaços para depositar os monos”.

Férias a apanhar lixo

O grupo de jovens voluntários da associação “Inspira!” está no terreno e neste verão propõem-se apanhar lixo em zonas de floresta e bermas de estradas do concelho de Chaves.

Ester Gago, de 18 anos, conclui o 12º ano e enquanto espera a entrada na universidade, integra o campo de voluntariado, para “fazer alguma coisa pela cidade e pelo ambiente”, ao mesmo tempo que faz amigos. A jovem mostra-se “surpreendida não só pela quantidade, mas também pela qualidade do lixo”.

“Encontramos coisas que não lembra a ninguém. Por exemplo, encontramos quase uma casa mobilada inteira, desde sanita, pratos, sofás… e também encontramos persianas que deviam ser de uma mansão, porque era quase uma tonelada”, conta à Renascença, concluindo que “é muito triste as pessoas não terem consciência que isto prejudica imenso todo o nosso ecossistema”.

Também Francisco Rodrigues, de 21 anos, quase a concluir a licenciatura em matemática, está surpreendido com a “quantidade de lixo nas bermas das estradas, mas sobretudo com alguns locais já distantes das estradas que são autênticos aterros onde são depositados eletrodomésticos, roupa, persianas”.

Mariana Rodrigues, de 23 anos, licenciada em cinema, manifesta-se “chocada por ver que há muito lixo, sobretudo vidro, plástico, papéis, televisores, espelhos, material eletrónico”. “Indigna-me a atitude das pessoas sem consciência que deitam toda a espécie de lixo para as bermas da estrada e, sobretudo, nas zonas de pic-nic”, desabafa.

Mariana espera que estas “ações sensibilizem a população e conduzam à alteração de comportamentos”, porque, diz, “estão a contaminar o planeta e a agravar o risco de incêndio nas matas”.

As milícias de intervenção ambiental da associação “Inspira!” têm percorrido várias zonas do concelho de Chaves e, segundo Renato Gil, coordenador da organização não governamental, “com o material recolhido” já podiam “ter mobilado uma casa”.

O jovem de 27 anos não se surpreende com as quantidades e diversidade de resíduos que têm recolhido e revela que “a área florestal está quase toda cheia de lixo”.

“As pessoas ainda acreditam que o local para depositar um sofá ou uma televisão velha é no meio da floresta. Encontramos de tudo, desde o lixo mais pequeno a garrafas, garrafões, papéis, sofás, televisões, micro-ondas, colchões, mantas, fogões, frigoríficos…”, conta à Renascença.

O coordenador da “Inspira!” considera que no concelho de Chaves “há falta de educação ambiental e de dever cívico, de noção cívica, de participação, de responsabilidade”.

A associação “Inspira!” existe há cerca de um ano e conta com 40 sócios. No projeto de intervenção ambiental participam 34 voluntários, mas o programa vai ser alargado para 50.

O projeto da associação “Inspira!”, que decorre até 14 de setembro, enquadra-se na iniciativa voluntariado jovem para a natureza e florestas do Instituto Português para o Desporto e Juventude (IPDJ).

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  • Fernando Machado
    10 ago, 2018 Porto 17:23
    Andava muito preocupado para saber qual a unidade de medida aplicada ao lixo (sólido e líquido) recolhido pelos "otarcas". São litros, carago.

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