22 jun, 2018 - 06:31 • Ana Lisboa
Passados 100 anos sobre as Aparições, o Santuário de Fátima entende que “é importante agora olhar para esta história, perceber quais foram as formas de ler Fátima ao longo de 100 anos e tentar entender que sentido continua a fazer Fátima para a história da Igreja e também para a história da humanidade, para este momento concreto que é o momento em que vivemos”.
Marco Daniel Duarte, presidente da comissão organizadora do simpósio, acredita que deste encontro podem sair novas formas de entender e viver Fátima “neste aspeto em que não se descobre uma Fátima nova, mas descobrem-se sempre novas formas de ler o acontecimento”.
“Se analisarmos tudo o que foram as leituras feitas sobre a história de Fátima, damos conta de que nas várias décadas houve várias maneiras de entender Fátima à luz daquilo que era o pensamento atual, à luz daquilo que era o discernimento da própria Igreja e à luz das ferramentas intelectuais da época”, sustenta.
“Passados 100 anos, Fátima pode ser lida a partir de novas formas de a interpretar que são obviamente ligadas a diferentes áreas disciplinares como são a teologia, como são as ciências da religião, como será também a própria história, sociologia, a antropologia e a filosofia, apenas para referir algumas das áreas subjacentes às intervenções que vamos ter neste simpósio”, avança.
Um programa sob o signo de quatro verbos
O programa destes três dias (22 a 24, desta sexta-feira a domingo) vai basear-se num itinerário dinamizado sob os verbos receber, viver, anunciar e refletir, por forma a que “eles pudessem mostrar-se aos participantes do simpósio como uma espécie de caminho pedagógico, didático ou até catequético”.
O também diretor do Serviço de Estudos e Difusão do Santuário explica que no primeiro dia “vamos sobretudo basear-nos n os verbos receber e viver. Eles estão sempre referentes à mensagem e, a partir daí, vamos olhar para os exemplos daquelas que são as primeiras testemunhas: Francisco, Jacinta e Lúcia”.
No segundo dia, “será o momento de olharmos para o verbo viver e também anunciar, isto é, depois de se receber e de se viver com a própria vida esta mensagem, como é que ela se anuncia. E aí tomamos como protagonista não tanto as testemunhas iniciais, mas sobretudo o próprio Santuário”.
No terceiro e último dia, “vamos usar um verbo já ligado às ciências, à investigação que é o de refletir sobre a mensagem.
Tentámos fixar-nos em duas grandes maneiras de olhar para Fátima: uma delas é entender como é que Fátima levou a Igreja a perceber o fenómeno das Aparições. É talvez uma novidade que este Simpósio traz para a reflexão sobre estes temas. A outra novidade será abordar Fátima na lógica daquilo que entendemos que possa ser dito desta maneira: a paz como ecologia integral, uma expressão muito cara ao Papa Francisco. E como é que Fátima pode ajudar a encontrar o lugar do ser humano nesta ecologia integral”.
Estão confirmados mais de 300 participantes quer de Universidades Portuguesas, mas também de Academias estrangeiras. Trazem diferentes formas de pensar sobre Fátima, “um fenómeno completamente global, que começa a ser estudado já dessa maneira”.
O melhor exemplo “são as visitas dos Papas e a atenção que os Papas têm dado a Fátima como lugar de Evangelização, daquilo que nós chamamos de Nova Evangelização. É precisamente por essa razão que convidámos o responsável por esta grande área na vida da Igreja, D. Rino Fisichella, que tem sob a sua tutela os Santuários”.