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Os olhos da diáspora. Coreanos entre a dúvida e a esperança

12 jun, 2018 - 12:26

O acordo histórico deixa norte e sul-coreanos com esperança na reunificação das Coreias, mesmo sabendo que “uma reunião não resolve tudo”.

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Era o aperto de mãos que todos os emigrantes coreanos esperavam.

Enquanto, durante esta madrugada, Donald Trump e Kim Jong-Un trocavam um aperto de mão que ficaria para a história, dezenas de emigrantes coreanos brindavam à “paz à Coreia” num restaurante em plena Koreatown, o bairro da diáspora coreana em Los Angeles, no estado norte-americano da Califórnia.

“Isto é um evento histórico. Nunca pensei que fosse ver este dia”, confidenciou à CNN Tony Kim, um habitante desta zona de LA, filho de pais norte-coreanos que se refugiaram nos Estados Unidos durante a guerra na península (1950-53). "Tenho família lá que nunca conheci", acrescentou visivelmente consternado. "A Coreia do Norte foi sempre esta mancha na realidade com que tivemos de nos contentar."

Apesar de o acordo se limitar a ser uma declaração de intenções na qual EUA e Coreia do Norte se comprometem a melhorar as suas relações, o aparente fim da política isolacionista do regime de Pyongyang traz esperança aos que sonham em ver as Coreias unidas.

“Acabei de ter uma bebé. Adorava que ela pudesse visitar a Coreia como um só país. Gostava muito de ver os nossos países unidos”, explica à CNN James An, que se juntou às dezenas de norte-coreanos dissidentes que assistiram à cimeira de Singapura neste restaurante da Koreatown.

“Esperamos muito por isto. E está finalmente a acontecer. A Coreia do Sul é ameaçada pelo Norte desde, o quê? 70 anos?”, conta à estação de televisão KRCR Kim Chamberlain, uma sul-coreana a viver Redding, Califórnia.

Do aperto de mão à palmada nas costas. As imagens do encontro histórico entre Donald Trump e Kim Jong-un
Do aperto de mão à palmada nas costas. As imagens do encontro histórico entre Donald Trump e Kim Jong-un

Os constantes testes nucleares e o clima de ameaça permanente em que os dois países separados pelo Paralelo 38 se envolveram ao longo de 70 anos deixaram, durante anos, a sul-coreana apreensiva. “Sempre que faziam uma ameaça sentíamos os nossos corações apertados. E rezávamos”. Um receio que, agora, Chamberlain e a sua família esperam não voltar a sentir, ainda que esteja consciente que “uma reunião não vai resolver tudo”.

Para tal, são precisos mais encontros. E Kim Chamberlain, sul-coreana a viver no estado da Califórnia, espera que o regime de Pyongyang não fique por aqui.

“Nova história”. O mundo reage ao acordo

O otimismo de Chamberlain é partilhado pelo presidente do seu país, Moon Jae-in, que reagiu ao encontro entre Donald Trump e Kim Jong-Un comprometendo-se a escrever “uma nova história” na relação entre os dois países.

“Deixando os dias negros de guerra e conflito para trás, vamos escrever um novo capítulo de paz e cooperação”, disse Moon, em comunicado citado pela agência Reuters. “Estaremos juntos com a Coreia do Norte neste longo caminho”, reafirmou o presidente da Coreia do Sul, que já tinha ele mesmo feito história ao declarar a “total desnuclearização” da península asiática.

Da vizinha China, chega a hipótese de levantamento das sanções económicas, bem como a vontade de fazer parte do processo. "Queremos ver os dois lados a fazer progressos nisto. A China continuará a ter um papel construtor [neste processo]", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa.

Shinzo Abe, primeiro-ministro japonês, também já reagiu ao acordo do seu aliado, os Estados Unidos, mostrando-se disponível para encetar as negociações com o regime comunista sobre os cidadãos japoneses raptados durante a Guerra Fria.

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