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Dia Mundial dos Oceanos

95% dos resíduos no Mediterrâneo são de plástico

08 jun, 2018 - 07:15

"Corre perigo de se transformar numa armadilha plástica", alertam ambientalistas.

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Os plásticos dominam os resíduos encontrados no Mediterrâneo, a maior parte com origem na Turquia e Espanha, e afetam Portugal onde 72% do lixo das praias é plástico, alertou a organização ambientalista internacional WWF.

Um relatório da WWF, divulgado para assinalar o Dia Mundial dos Oceanos que se comemora esta sexta-feitra, conclui que "95% dos resíduos que flutuam no Mediterrâneo são compostos por plásticos" e pede um acordo internacional para eliminar esta poluição.

A maior parte desse plástico "é proveniente da Turquia e Espanha, seguida pela Itália, Egito e França. Os turistas que visitam a região a cada verão são responsáveis por um aumento de 40% no lixo marinho", acrescenta o relatório.

Os ambientalistas alertam que o Mediterrâneo "corre perigo de se transformar numa armadilha plástica, com níveis recorde de poluição causada por microplásticos, que ameaçam tanto espécies marinhas como a saúde humana".

Em Portugal, "os microplásticos predominam nas areias das praias, representando 72% do lixo encontrado em zonas industriais e de estuários", salienta um comunicado divulgado pela organização em Lisboa.

A WWF pede aos governos, empresas e cidadãos que adotem ações para reduzir a poluição por plásticos em ambientes urbanos, costeiros e marinhos, não só no Mediterrâneo, mas em todo o mundo, já que este problema afeta todos os oceanos.

Entre as propostas da organização está a adoção de um acordo internacional juridicamente vinculativo para eliminar a descarga deste material nos oceanos, com metas para atingir 100% de resíduos plásticos reciclados e reutilizáveis até 2030 e proibição dos produtos descartáveis, como sacos.

No relatório da WWF "Sair da Armadilha Plástica: Salvar o Mediterrâneo da poluição plástica”, também é pedido às empresas para investirem em inovação e projetarem uma utilização de plástico mais eficaz e sustentável.

A poluição por plástico tem sido muito focada nos últimos dias, com a apresentação da estratégia europeia para reduzir o seu consumo e aumentar a reutilização e reciclagem, e a apresentação de alguns resultados preliminares do grupo de trabalho para procurar alternativas a este material, criado pelo Governo português.

Microplásticos em Portugal

Segundo trabalhos científicos referidos pela WWF, Portugal apresenta "dados preocupantes ao longo da cadeia alimentar marinha, nomeadamente em espécies que servem de alimento a peixes e mamíferos".

Os artigos, refere a organização, destacam as zonas de Lisboa e Costa Vicentina pela proximidade aos estuários do Tejo e Sado, apresentando elevadas densidades de microplásticos.

Acrescenta que "20% dos peixes de consumo quotidiano têm microplásticos nos seus estômagos e 80% das tartarugas-marinhas-comuns (Caretta caretta), cujos juvenis têm zonas de alimentação nos Açores, comem lixo, na sua maioria plástico".

"Os impactos da poluição plástica no Mediterrâneo têm repercussões em todo o mundo, e Portugal, na rota de saída deste mar, é o primeiro a sofrer as consequências, com sérios danos tanto para a natureza quanto para a saúde humana", realça a diretora executiva da Associação Natureza Portugal (ANP|WWF), citada no comunicado.

A poluição "ameaça o turismo e a pesca", alerta a responsável, para quem o problema dos plásticos é um sintoma do declínio geral da saúde do planeta".

Dos 27 milhões de toneladas de resíduos plásticos produzidos anualmente na Europa, apenas um terço é reciclado, 27% vai para aterro, uma percentagem que sobe a metade na Itália, França e Espanha.

O material reciclado representa 6% da procura de plásticos na Europa, aponta o relatório.

Se nada mudar, o mar terá uma tonelada de plástico por cada três toneladas de peixe em 2025 e em 2050 os oceanos poderão ter mais plástico que peixe, indicam estimativas citadas por organizações ambientalistas.

O custo económico dos 10 a 20 milhões de toneladas de plástico que acabam no mar a cada ano é responsável por cerca de 13 mil milhões de dólares de prejuízo nos ecossistemas marinhos, o que inclui perdas nas pescas, turismo e limpeza de praias.

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  • fanã
    08 jun, 2018 aveiro 18:22
    Há várias razões para tal calamidade : 1º- e a mais importante , a falta de CIVISMO _2º- ausência de fiscalização e aplicação de contra ordenações "aglomerações , praias , percursos Turísticos etc..."- 3ª- plástico biodegradável, ideia bem intencionada mas um perigo para a fauna marítima (micro partículas) que acabam no nosso prato- 4ª- incentivos a recolha e reciclagem nas áreas de alto consumo "supermercados, mais variadas lojas e comércios urbanos" , pontos de recolha insuficientes . Eis alguns exemplos , que poderiam ser postos em pratica em Portugal e a nível Mundial !...........
  • Catia
    08 jun, 2018 lisboa 12:35
    Entao quem permitiu a o fabrico e comercialização dos plásticos?Quem culpar,se é q há culpas ?Como remediar agora que se tornou um perigo mundial?Só intervenção mundial .ONU.OMC poderá surtir efeito.Como substituir as funções nefastas do plástico?etc

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