07 jun, 2018 - 11:29 • Ângela Roque
O Vaticano proibiu um padre chileno de “exercer publicamente o ministério sacerdotal”, até que se conclua a investigação às suspeitas de pedofilia que sobre ele recaem.
Inácio Iturra Muñoz é padre na diocese de Linares, que fica a cerca de 300 quilómetros a sul de Santiago do Chile. A primeira queixa foi entregue em junho de 2017 por Cristian Alcaino, que garante ter sido abusado sexualmente por aquele sacerdote em 1987, quando tinha apenas 11 anos de idade.
A queixa foi entregue ao bispo Tomislav Koljatic, que levou o caso ao Vaticano. Mas, sem ter respostas da igreja chilena, em abril deste ano, Cristian Alcaino decidiu entregar pessoalmente uma carta sobre o seu caso ao bispo de Malta Charles Scicluna, que o Papa enviou ao Chile para investigar os abusos praticados por outro padre, Fernando Karadima, cujos crimes foram ocultados ao longo dos anos pela hierarquia da Igreja chilena.
O enviado do Papa levou a carta com as novas suspeitas ao Vaticano, e dia 5 de junho a diocese de Linares recebeu a resposta da Congregação para a Doutrina da F, que considera a denúncia feita “credível”, e pede que a investigação seja “alargada a outras paróquias” onde Inácio Iturra Muñoz “tenha exercido o seu ministério sacerdotal”. A própria diocese também pede “a colaboração de todas as pessoas” que tenham informações pertinentes para a investigação.
O caso de pedofilia mais mediático, até agora, envolvendo o clero chileno, tem sido o do padre Fernando Karadima, cujos crimes foram ocultados durante vários anos pela Igreja no Chile, mas que em 2011 acabo por ser condenado pela justiça canónica a uma vida de reclusão e penitência.
Ao longo do último mês o Papa Francisco manteve uma série de encontros individuais com algumas das vítimas do padre Karadima, incluindo alguns sacerdotes, e também recebeu a Conferência Episcopal daquele país. A 18 de maio todos os bispos chilenos pediram a resignação, mas o Papa ainda não divulgou a sua decisão.