21 mai, 2018 - 11:00 • Marta Grosso
É comum relacionar inteligência com “ser bom aluno”, “pensar bem”, “compreender com facilidade”, “fazer as coisas bem feitas e depressa” ou “tirar boas notas”. Do outro lado está o aluno que tem dificuldades em compreender assuntos, visto como alguém menos inteligente ou, como diriam os mais antigos numa expressão ainda comum no Alentejo: "Burro para a escola."
Assim começa o livro "Desenvolva as inteligências do seu fillho" (ed. Manuscrito), de Renato Paiva, diretor da Clínica da Educação e da Academia Wowstudy. A sua principal conclusão? Teorias há muitas, mas os estudos mais recentes indicam que há vários tipos de inteligência e que qualquer um deles pode ser desenvolvido, tal como a memória.
Inteligências múltiplas
Segundo esta teoria, criada por Howard Gardner (Harvard), existem diferentes tipos de inteligência. Mais do que aferir se uma pessoa é mais ou menos inteligente, pretende-se saber como é que a pessoa é inteligente.
A teoria das inteligências múltiplas veio revolucionar a maneira como se analisa as capacidades de cada um e, em especial, das crianças. Todos temos em nós todas as inteligências, mas umas manifestam-se mais que outras. E todas podem ser treinadas e desenvolvidas – não são estanques, ao contrário do que tradicionalmente se acreditava. Sabe como as treinar?
Conversa (mais de 3 anos) - Inteligência linguística
“Conversar com crianças pode ser das experiências mais bonitas e transformadoras que vivemos”, escreve Renato Paiva. Para tal, há que ouvi-las “com os nossos dois ouvidos e com o nosso coração” e introduzir atitudes e comentários que podem ajudar a melhorar a conversa. Por exemplo, definir que em sua casa “não há temas proibidos”. De olhos nos olhos e virados para a criança, os pais dizem: “Estou a ouvir-te”.
Para além desta atenção de qualidade, Renato Paiva sugere dois jogos para desenvolver este tipo de inteligência: a "Forca" e o "Stop".
Qual o próximo número da sequência (mais de 11 anos) - Inteligência lógico-matemática
Por exemplo: 2 – 10 – 12 – 16 – 17 – 18 – 19 – … ?
Cinco pontos (mais de 7) - Inteligência visuoespacial
Um dos jogadores desenha cinco pontos numa folha e o outro jogador tem de desenhar uma pessoa usando esses pontos – ou seja, dois dos pontos serão os pés, outros dois as mãos e um cabeça.
Come a bolacha (mais de 4 anos) - Inteligência corporal cinestésica
O desafio parece simples, mas não é. A bolacha é colocada na testa de quem a vai comer e tem de descair até à boca sem a pessoa usar as mãos e sem que a bolacha caia no chão.
Apagando a letra (mais de 7) - Inteligência musical
Cantarolando músicas novas, podemos fazer um jogo para ver quem mais depressa consegue memorizar a letra. Para isso, basta simplesmente escolher uma nova música e escrever num papel, a lápis, a letra da canção.
Primeiro, ouvimos a música e cantamos com recurso à visualização da letra na íntegra. Depois, a cada nova passagem vamos apagando parte da letra. A cada nova interpretação da música vá apagando novo bocado e assim sucessivamente, até já não precisar do auxílio do papel.
Tempo a sós (mais de 6 anos) - Inteligência intrapessoal
Ter todos os dias alguns minutos a sós é essencial para recarregar baterias, para nos conhecermos um pouco mais e conseguirmos dar o nosso melhor todos os dias.
Este tempo, que pode durar entre 10 e 20 minutos, pode ser usado para ouvir a música preferida ou que apeteça naquele momento, para escrever algo no diário pessoal, para fazer algo de que se gosta muito ou simplesmente fechar os olhos e ficar em silêncio.
Corrente de elogios (mais de 5) - Inteligência interpessoal
Visa promover e manter uma ligação positiva com os outros. Ser elogiado faz-nos sentir bem e confiantes; não custa e não dói.
Como fazer?
Os elogios devem ser genuínos e podem abarcar uma atitude, um momento gratificante, uma boa decisão…
Decalque de texturas da natureza (mais de 5) - Inteligência naturalista
Com algumas folhas de papel branco e uns lápis de cera, saiam à rua e procurem texturas: a porta da entrada, a calçada, um tronco de árvore, a parede, uma folha no chão…. Registem-nas, colocando a folha no local e passando um lápis grosso por cima da folha. Anotem o dia e o local do registo como verdadeiros exploradores.
E a memória?
São várias as etapas do processo de memorização: captação, fixação, manutenção, recuperação/recordação e transmissão. E há fatores que influenciam tudo isto:
Como trabalhar a concentração?
Atenção, concentração e memória são “capacidades significativamente úteis e sem as quais não se poderia aprender”, refere Renato Paiva, que exerce ‘coaching’ pedagógico de alto rendimento escolar.
A atenção antecede a concentração, mas quer uma quer outra dependem de vários fatores e podem ser melhoradas. Como? Aqui ficam alguns exercícios.
Fazer cábulas (mais de 10 anos)
É um excelente auxiliar de memória e uma boa forma de analisar e sintetizar a informação. Procure anotar tudo no pedaço de papel mais pequeno que conseguir e vá experimentando reduzi-los a cada tentativa. Cada vez que passar de papel, tente lá colocar a informação sem olhar para o anterior.
Mas não se esqueça: as cábulas são para deixar em casa.
Do 1 ao 100 e do 100 ao 1 (mais de 8)
Pode parecer fácil, mas o principal desafio não é conseguir fazê-lo depressa. Durante a contagem, podem surgir ideias que perturbam a concentração, o que torna este desafio maior. O objetivo é concretizá-lo a um ritmo lento, sem ceder às distrações.
Passa o segredo (mais de 5 anos)
Pelo menos quatro jogadores juntam-se ao lado uns dos outros (em círculo ou não, sentados ou em pé). O jogo começa com uma pequena frase dita baixinho por um dos participantes ao ouvido do outro, que irá repeti-la à pessoa que tem ao lado e assim sucessivamente. O último jogador anuncia o segredo em voz alta. Pode acontecer que o conteúdo já tenha sido alterado.
Repetir os ritmos (mais de 6)
Dispostos em círculo, um jogador começa a fazer um ritmo com as mãos. O segundo repete e acrescenta mais um ritmo. O terceiro e o quarto a mesma coisa, acrescentando sempre mais uma frase musical.