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Rui Rio. Aproveitamento político dos êxitos do futebol contribui para violência

16 mai, 2018 - 17:01

Para o presidente do PSD "resolver o problema é guardar distâncias".

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O presidente do PSD, Rui Rio, criticou o aproveitamento por parte de responsáveis políticos dos êxitos do futebol para promoção pessoal, considerando que esse tipo de práticas resulta no ambiente "absolutamente insuportável" que se cria em volta do futebol.

O líder social-democrata apelou a que se faça um "esforço de racionalidade" no que toca ao desporto.

"Quando as pessoas que estão na política e na vida pública aproveitam, muitas vezes, os êxitos do futebol para se promoverem a si próprios, acho que, naturalmente, estão a criar dificuldades a tentar resolver o problema. Resolver o problema é guardar distâncias e, com essa distância guardada, ter a autoridade moral e a autoridade ética para encontrar soluções", defendeu Rui Rio, à entrada para a reunião do Partido Popular Europeu, em Sófia, na Bulgária.

O presidente do PSD ressalvou que falava "dos agentes políticos dos partidos quase todos" e não de alguém em específico, como o primeiro-ministro, António Costa. "Há uma queda natural de quem está na política de se tentar encavalitar nos êxitos futebolísticos. Misturam-se com essa componente extraordinariamente emocional e nada racional, quando nós na política temos de fazer um esforço de racionalidade", reforçou.

O exemplo da Câmara do Porto

Antigamente, "havia uma promiscuidade muito grande" entre política e futebol e Rio lembrou o "exemplo positivo" que deu como presidente da Câmara Municipal do Porto, quando não convidou o FC Porto à varada dos Paços do Conselho, nas nove vezes em que o clube foi campeão nos cerca de 12 anos do seu mandato, promovendo "uma certa separação".

"No início do século 21, admito que o meu exemplo possa ter sido positivo e houve uma certa separação. Tenho notado que, nos últimos anos, tem havido outra vez a tendência dessa ligação e a tentação de ganhar popularidade política à custa do futebol, que eu acho uma coisa perigosíssima. E depois dá nisto", analisou, alertando para uma "escalada" que é "absolutamente insuportável" e perante a qual, se nada for feito, um episódio como o da Academia de Alcochete se repetirá.

Na opinião de Rui Rio, "deve ser debatida, por agentes políticos e desportivos, uma atitude que acabe com" e evite repetição de casos de violência no futebol português, como o que sucedeu na Academia do Sporting, na terça-feira, quando um grupo de 50 adeptos invadiu o recinto e agrediu jogadores e membros da equipa técnica.

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  • MASQUEGRACINHA
    16 mai, 2018 TERRADOMEIO 18:50
    Isto não está a correr nada mal ao Rui Rio... que pode agora, com sangrento exemplo concreto, vir dizer "eu é que tive sempre razão". E com justiça, diga-se. Embora não me reveja politicamente nele, confesso que sempre admirei a sua coragem em enfrentar as iras futebolísticas no próprio coração da nação portista. E mais: fiquei a admirar grandemente o povo da tal nação portista, que com ou sem iras futebolísticas, o reelegeu. De resto, nem vale a pena comentar as tristes figuras de uma classe política sempre de cachecol ao pescoço, ou a roçar fundilhos em camarotes VIP, ou a sabujar bilhetinhos pró jogo... Sempre por amor à camisola, como todos bem sabemos.

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