04 mai, 2018 - 11:16
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A eurodeputada socialista Ana Gomes considera que o pedido de desfiliação apresentado por José Sócrates serve "a estratégia de vitimização" que o antigo primeiro-ministro tem escolhido para fazer face a "acusações graves" de vários crimes económico-financeiros.
"Obviamente que essa carta de Sócrates serve a estratégia de vitimização que ele tem escolhido para fazer face às acusações graves que contra ele pendem, portanto, não é nada de estranho", considerou esta sexta-feira, em declarações à agência Lusa.
Num artigo de opinião publicado esta sexta-feira no “Jornal de Notícias”, José Sócrates dá conta de que enviou uma carta ao partido a pedir a desfiliação do PS para acabar com um "embaraço mútuo".
A medida segue-se a críticas da direção socialista e ao distanciamento do partido face aos casos que envolvem o antigo secretário-geral. O líder parlamentar, Carlos César, o primeiro-ministro e atual secretário-geral socialista, António Costa, entre outros militantes do PS vieram a público afirmar ninguém está acima da lei.
Na opinião de Ana Gomes, o PS tem agora de refletir e identificar o que falhou nos seus controlos internos e externos "para se credibilizar junto do povo português".
"Só espero é que esta atitude de Sócrates facilite e estimule o PS a fazer o exercício de introspeção que é imperativo e que não pode mais ser adiado face ao que se sabe já e ao que ainda não se sabe sobre a teia de corrupção que tinha em Sócrates um ponto central", deseja.
Ana Gomes defende que o PS tem "de fazer de tudo para não permitir mais este tipo de comportamentos e acionar os mecanismos externos e internos para combater a corrupção".
A eurodeputada socialista lembra que o congresso do partido vai realizar entre 25 e 27 de maio, na Batalha, e que representa “uma boa oportunidade” para o PS para analisar o tema.
No artigo hoje publicado, José Sócrates, principal arguido na Operação Marquês e acusado de vários crimes económico-financeiros, nomeadamente corrupção e branqueamento de capitais, diz que está a ser alvo de "uma espécie de condenação sem julgamento".
"Sou agora forçado a ouvir o que não posso deixar de interpretar como uma espécie de condenação sem julgamento. Desde sempre, como seu líder, e agora nos momentos mais difíceis, encontrei nos militantes do PS um apoio e companheirismo que não esquecerei.
Mas a injustiça que agora a direção do PS comete comigo, juntando-se à direita política na tentativa de criminalizar uma governação, ultrapassa os limites do que é aceitável no convívio pessoal e político", considera Sócrates.
José Sócrates aderiu ao PS em 1981 e foi secretário-geral do partido entre 25 de setembro de 2004 e 6 de junho de 2011.
Ocupou o cargo de primeiro-ministro entre 2005 e 2011. Obteve, em 2005, a primeira maioria absoluta da história do PS em eleições legislativas.