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​O que disseram os socialistas que levaram Sócrates a deixar o PS?

04 mai, 2018 - 07:41 • Cristina Nascimento

Do secretário-geral do partido ao porta-voz, várias vozes reconhecem incómodo com as suspeitas de corrupção em torno de José Sócrates e Manuel Pinho.

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A desvinculação de José Sócrates do PS acontece depois vários dirigentes do partido terem manifestado incómodo perante as suspeitas de corrupção em torno não só do antigo primeiro-ministro mas também do antigo ministro da Economia, Manuel Pinho.

O primeiro nome socialista mais sonante a pronunciar-se sobre as mais recentes suspeitas de corrupção dentro do PS foi a eurodeputada Ana Gomes.

“O PS não pode continuar a esconder a cabeça na carapaça da tartaruga. Próximo Congresso é oportunidade para escalpelizar como se prestou a ser instrumento de corruptos e criminosos. Pela renegeração do próprio PS, da Política e do País", escreveu Ana Gomes, a 21 de abril, na rede social Twitter.

Depois foi a vez do líder da bancada socialista, Carlos César, classificar como um “caso insólito” os alegados pagamentos que Manuel Pinho alegadamente terá recebido de forma ilícita. Carlos César mostrou-se favorável à audição “o mais depressa possível” de Manuel Pinho, considerando que é necessário "escrutinar todas as decisões que ele [Manuel Pinho] pessoalmente tomou enquanto foi governante e que se possam relacionar com a situação que lhe é imputada e que ainda não desmentiu". Já em maio, Carlos César retomou esta ideia, acrescentando, em declarações á TSF que, a confirmar-se as suspeitas “o PS sente-se envergonhado", com as polémicas em torno de Sócrates e Pinho.

Também já nos primeiros dias de maio, o deputado e porta-voz socialista João Galamba, em declarações à SIC Notícias, reconheceu que o seu partido se sente envergonhado com estes casos.

“Qualquer socialista quando vê ex-dirigentes, no caso um ex-primeiro-ministro e que foi secretário-geral do PS, acusado de corrupção, branqueamento de capitais, etc., obviamente que é algo que envergonha qualquer socialista, sobretudo se as matérias pelas quais é acusado se vierem a confirmar, e o caso de Manuel Pinho idem. Penso que nunca existiu nenhuma dúvida quanto ao facto de o PS não estar propriamente contente e agradado com esta situação, como é evidente”, disse.

No dia 3 de maio, foi a vez do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, pronunciar-se sobre o caso considerando que as suspeitas que recaem sobre antigos governantes correspondem a “crimes gravíssimos”.

“São suspeitas sobre comportamentos que, a terem existido, significam crimes gravíssimos, mas eu não confundo suspeitas com acusações”, disse.

O mais recente socialista a falar sobre o assunto foi o secretário-geral do partido e primeiro-ministro, António Costa. Disse que “se essas ilegalidades se vierem a confirmar, serão certamente uma desonra para a nossa democracia”.

Na mesma altura acrescentou que “se não se vierem a confirmar é a demonstração que o nosso sistema de justiça funciona".

José Sócrates filiou-se no PS em 1981, após ter saído do PSD.

O que disseram os lideres de outros partidos?

Os partidos à esquerda do PS, Bloco de Esquerda e PCP, têm-se remetido ao silêncio sobre estes alegados casos de corrupção que envolvem José Sócrates e Manuel Pinho.

Já os lideres dos partidos à direita, têm-se pronunciado sobre o assunto. No PSD, o presidente Rui Rio apelou a uma clarificação rápida do caso Manuel Pinho.

“A sociedade portuguesa e a democracia portuguesa não aguenta muito mais histórias como aquelas que nos últimos anos temos ouvido relativamente a corrupção e compadrio. Para clarificar isso o PSD tomou a decisão de convidar – já que ele não é obrigado a isso – o ex-ministro da Economia do Governo de José Sócrates, para ir ao Parlamento clarificar publicamente as suspeitas que neste momento pendem sobre ele”, afirmou.

No CDS, a líder do partido, Assunção Cristas, considerou que o Partido Socialista tem de fazer a sua “reflexão interna” perante as suspeitas judiciais que envolvem os ex-governantes José Sócrates e Manuel Pinho.

“Foram um primeiro-ministro e um ministro socialista que naturalmente terão muitas contas a prestar ao país. Até agora nunca ouvimos o Partido Socialista dizer alguma coisa que fosse em relação a estes ex-governantes ou outros, a verdade é que foram todos do Partido Socialista e colegas de Governo do atual primeiro-ministro”, disse.

Comentários
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  • uomembranco
    07 mai, 2018 lisboa 18:26
    Dinheiro do negócio dos submarinos saiu também do saco azul do BES
  • Lila
    05 mai, 2018 lisboa 13:23
    Sócrates governou 6 anos ,será que só ele tomava as decisões.? É um assunto muito melindroso porque se fosse tomado á letra estariam alegadamente implicados politicamente todos os que trabalharam com Sócrates.Nâo gosto do rumo que isto está a levar ,porque não sou internacionalista e gosto do meu País.As afirmaçaoes de ANA são altamente corrosivas é um caso terrivel para a nossa democracia ,q pelos vistos é um sistema fechado á sociedade civil e onde a organização de novos partidos é quase impossível.Ana tao frontal não poe dedo na ferida que é a lei eelitoral e formação partidos.
  • Vendam o rectangulo
    04 mai, 2018 Lisboa 17:01
    Foram quarenta anos de total impunidade. O Centrão criou ilegalmente imensas fortunas, laranjas,rosas e azuis cueca. Não havia cores partidárias. Agiam como uma autêntica irmandade cruzando interesses em tudo o que eram negociatas do Estado. Daí o facto de todos andarem constantemente a saltar de tacho em tacho entre o público e o privado. Daí o facto de todas as grandes broncas terem rebentado sem nunca ter alguma vez alguém aberto a boca, médias inclusive. Criaram ao longo dos anos toda uma legislação que os protege. Contaram sempre com uma justiça inoperante, inoperância criada prepositadamente. Alcançaram o poder há quarenta anos e têm ainda hoje o País refém dos seus interesses pois são eles que dominam todo o Estado quer pelos cargos públicos que exercem quer pelos cargos privados que desempenham. É bom não esquecer que a grande maioria das grandes empresas Nacionais vivem penduradas no Estado quer por via dos subsídios que recebem quer por via dos perdões fiscais. No tempo da ditadura Portugal era um País amordaçado há muito que é um País armadilhado. Se foi difícil acabar com a mordaça é impossível acabar com a armadilha. Foram tão engenhosos que segundo Nuno Garoupa tudo fizeram para que criar novos partidos seja um tarefa impossível. A partidocracia reinante nestes quarenta anos já tornou este regime mais podre que o anterior, regime que só não cai porque estamos na UE. Portugal com toda esta cambada de parasitas é mais uma vez um País adiado.

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