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Sócrates abandona PS para acabar com "embaraço mútuo"

04 mai, 2018 - 01:03

Ex-primeiro-ministro lamenta a “condenação sem julgamento" feita por elementos do seu partido.

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José Sócrates, antigo secretário-geral do PS, pede a desfiliação numa carta enviada ao partido. A notícia está a ser avançada pelo "Jornal de Notícias".

A decisão surge depois de várias figuras do partido, incluindo António Costa, atual líder socialista, Carlos César, presidente e líder da bancada parlamentar, e João Galamba, porta-voz do PS, entre outros, terem deixado fortes críticas à situação do antigo governante, arguido no processo Marquês.

O ex-primeiro-ministro interpreta as declarações dos últimos dias como "uma espécie de condenação sem julgamento" e queixa-se que durante quatro anos o partido nunca saiu em sua defesa contra o que qualificou como os "abusos" da justiça.

"Desde sempre, como seu líder, e agora nos momentos mais difíceis, encontrei nos militantes do PS um apoio e companheirismo que não esquecerei. Mas a injustiça que agora a direção do PS comete comigo, juntando-se à direita política na tentativa de criminalizar uma governação, ultrapassa os limites do que é aceitável no convívio pessoal e político", pode ler-se no texto.

"É chegado o momento de pôr fim a este embaraço mútuo", escreve.

José Sócrates filiou-se no PS em 1981, após ter saído do PSD.

No artigo de opinião, critica a justiça e nega que o nome de Manuel Pinho para fazer parte do seu Governo tenha sido sugerido pelo antigo presidente do Grupo Espírito Santo, Ricardo Salgado. O caso que envolve o ex-ministro da Economia foi noticiado, em 19 de abril, pelo jornal Observador, segundo o qual há suspeitas de que tenha recebido, entre 2006 e 2012, cerca de um milhão de euros.

Costa disse, esta quinta-feira, que em Portugal ninguém está acima da lei e que, "a confirmarem-se" as suspeitas de corrupção nas políticas de energia por membros do Governo de José Sócrates, será "uma desonra para a democracia".

Já antes Carlos César falou de um partido envergonhado com as acusações que recaem sobre Manuel Pinho, ex-ministro da Economia de Sócrates. “A confirmar-se é uma situação incompreensível e lamentável”, disse o líder da bancada socialista, reiterando assim o que disse na semana passada sobre o caso. E também em relação às suspeitas que recaem sobre José Sócrates na Operação Marquês. “A vergonha até é maior porque era primeiro-ministro”, frisou.

Galamba afirmou, em declarações à SIC Notícias, que esse “é o sentimento de qualquer socialista” perante estes processos.

O ex-primeiro-ministro foi acusado de 31 crimes no âmbito da Operação Marquês: três de corrupção passiva, 16 de branqueamento de capitais, nove de falsificação de documento e três de fraude fiscal qualificada. Segundo o Ministério Público, o antigo primeiro-ministro acumulou na Suíça 24 milhões de euros "com origem nos grupos Lena, Espírito Santo e Vale de Lobo".

Comentários
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  • Anónimo
    06 mai, 2018 20:29
    Faça boa viagem, senhor pseudo-engenheiro! Não queremos direita no PS.
  • fanã
    05 mai, 2018 aveiro 21:15
    Caros Amigos , preparem-se para assistir a um vendaval de escândalos , em que nenhum partido Politico sairá indemne , está mais que necessário sanear uma vez por todas o País devastado com tanta trafulhice, corrupção, corporativismos e vigarices de toda a espécie . É o meu maior desejo , um País tão pequeno com tanta escória é obra !!!!!!...................senão um Dia será o DIA de uma revolta Popular incontrolável !
  • Helena Matos
    04 mai, 2018 Coimbra 14:33
    Ja ontem era tarde. A criatura não se enxerga mesmo, tal é a pomposidade e o narcisismo. Nada de admirar; o próprio diz à boca cheia q só entrou na política por vaidade. Tarde e más horas, diga-se, foi tb a declaração de Carlos César. Foi já qdo o silèncio era ensurdecedor, pudera, mal seria que nao viesse demarcar-se de toda esta podridão q envolve altos dirigentes do PS. Claro que foi preciso a Ana Gomes dar o grito e o pontapé nesta chafurdice, se não continuaríamos a ter q aturar a conivência dos pares q, não basta não terem desconfiado de nada qdo andavan a pajiá-lo, ainda se remeteram ao silêncio qdo as provas são mais q evidentes.
  • José Cruz Pinto
    04 mai, 2018 ILHAVO 13:18
    O senhor José Sócrates não tem que se lamentar. Basta de choradinho ! Quando se lamenta do funcionamento (ou, melhor, da completa e quase criminosa disfunção da justiça - com culpas antigas de muitos), tem em boa parte* razão, mas de tudo o mais só tem que se queixar de si próprio - da sua conduta pessoal absolutamente não recomendável e execrável (muito mais do que da estritamente política*) bem como da de todos os "amigos" que escolheu. Ninguém acredita (absolutamente ninguém) que ele próprio os escolheu por engano - todos eles caracterizados por absoluta inutilidade e mesmo perigosidade social. * A parte em que tem razão é a das fugas intencionais e selectivas ao designado "segredo de justiça" e a de várias outras injustiças e irregularidades processuais. Onde já não tem qualquer razão é em tudo o que directamente resulta da complexidade por ele e seus amigos activamente construída, para encobrir os factos em investigação. Também não se pode queixar do juízo público que é feito do seu surrealista estilo de vida - absolutamente impróprio de um político e cidadão socialmente útil e minimamente responsável.
  • ALMEIDA
    04 mai, 2018 LUXEMBURGO 11:26
    Já ontem era tarde, Sr ex-ministro. Estava à espera de umas palmadinhas nas costas, era? Os mais certinhos não querem misturas e os que não, querem distância para não atrair os investigadores, 'diz-me com quem andas...' Haja respeito por quem trabalha... já chega o que fora de Portugal somos obrigados a ouvir sobre as 'manobras ' dos politicos portugueses. Depois somos todos tratados por igual : uma cambada de corruptos e oportunistas!!
  • Americo
    04 mai, 2018 Leiria 10:42
    Bom dia. Sim sr., tudo bem orquestrado. Que cinismo. Que sincronia.
  • João Lopes
    04 mai, 2018 Viseu 09:39
    O Sr. José Sócrates faz bem em desvincular-se do PS. As suas atitudes, atos políticos e os "negócios particulares" investigados pela justiça envergonham qualquer instituição a que pertença ou pertenceu. Arthur Schopenhauer (1788-1860) escreveu: «A riqueza influencia-nos como a água do mar. Quanto mais bebemos, mais sede temos». E Agostinho de Hipona (354-430): «Um Estado que não se regesse segundo a justiça reduzir-se-ia a um grande bando de ladrões». Apesar de tudo, confiemos na Justiça portuguesa!
  • sofia
    04 mai, 2018 almada 09:10
    O PS fez o que já devia ter feito há muito tempo. Haja decência e respeito pelos 10 milhões de portugueses que foram roubados e espoliados às mãos deste político corrupto e psicopata. Sem Mário Soares e a sua influencia maçónica é esperar que a justiça funcione e traga alguma credibilidade à política
  • Anónimo
    04 mai, 2018 07:17
    Nunca lá devia ter entrado.
  • anónimo envergonhado
    04 mai, 2018 portugal 04:27
    Foi preciso ANA GOMES dizer que o PS é UM ANTRO DE CORRUPTOS E LADR0ES, para que todos estes passarinhos que andam aroubar e de que maneira o povo, basta reparar nos subsidios de residencia, etc..ASSEMBLEIA DA REPUBLICA - ANTRO DE LADRÕES. Este país precisa de um Salasar para tambem fazer uma limpeza pelas cãmaras e até juntas de fregusias.

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