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Fogo em Pedrógão: Relatório da Proteção Civil diz que houve documentos apagados

02 mai, 2018 - 07:59

Auditores falam em falhas graves na organização inicial do combate e relatam que o primeiro posto de comando foi uma mesa, com quatro cadeiras, e um computador emprestado.

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O relatório de uma auditoria interna da Autoridade Nacional de Proteção Civil aos trabalhos do combate ao fogo de Pedrógão Grande, em 2017, indica que houve documentos apagados ou destruídos.

A notícia é avançada pelo “Público”. Segundo o jornal, que teve acesso ao relatório da auditoria feita pela Direção Nacional de Auditoria e Fiscalização da ANPC, a organização inicial do combate ao incêndio teve falhas graves, sendo que os auditores se depararam com a inexistência de provas documentais sobre o trabalho de combate ao fogo.

Segundo os auditores que fizeram o relatório sobre o desempenho dos seus agentes no combate ao fogo de junho do ano passado, toda a investigação se deparou com “limitações na obtenção de elementos de prova”, informação que “pode tornar-se vital” para a avaliação posterior, nomeadamente ao nível da responsabilidade disciplinar e criminal.

Em causa, refere o “Público”, estão todos os documentos que são produzidos no posto de comando de um incêndio, desde os planos de situação aos planos estratégicos de ataque, e todas as informações das três células de qualquer posto de comando (logística, planeamento e operações). “Não foi possível aceder a um único SITAC [quadro de situação táctica], a um único Quadro de Informação de Células, ou a um PEA [Plano Estratégico de Ação]", lê-se no documento.

"Todos estes documentos haviam sido apagados dos quadros das VCOC e VPCC [viaturas de comunicação], ou destruídos os documentos em papel que os suportaram", acrescenta.

De acordo com o jornal, o relatório adianta que houve uma total desorganização no combate inicial ao incêndio, que esteve sob responsabilidade do comandante dos bombeiros de Pedrógão Grande, Augusto Arnaut.

O documento diz que nas primeiras três horas do fogo, é descrito um caos, com demora na chegada de veículos de comunicação e na sua localização, por não haver rede no local inicial, e passagens de trabalho por via informal.

Terão ainda sido notadas discrepâncias nos relatos sobre o momento em que foram distribuídas as responsabilidades pelas células de combate e sobre quando foi feita a sectorização do teatro de operações.

O primeiro posto de comando era uma mesa, com quatro cadeiras, e um computador emprestado por um dos bombeiros "com o Google Earth aberto".

A mesma notícia indica que o relatório, pedido pela então ministra Constança Urbano de Sousa, foi recebido já pelo atual responsável da pasta – Eduardo Cabrita – em meados de novembro, mas este nunca o divulgou.

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  • liberdade
    02 mai, 2018 Beja 22:57
    E viva a liberdade de tudo encobrir ou destruir!
  • 02 mai, 2018 aldeia 10:33
    Esta noticia cheira a "esturro"!......quem apagou ou destruiu provas,deve ter recebido alguns milhares,investigue-se e que a justiça funcione.Estamos num país de direito ou numa républica das bananas?
  • Americo
    02 mai, 2018 Leiria 10:12
    Bom dia. Esta "gente" não sabe viver doutra modo.

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