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Pipas, cestos de vindima e sacholas cantam e contam o Douro

17 abr, 2018 - 09:57 • Olímpia Mairos

Projeto 897, do Museu do Douro, percorreu toda a extensão do rio - da foz à nascente - e partilha vivências, sonoridades, história e tradições.

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O Sons do Douro, um grupo musical de percussão contemporânea, que junta dez elementos e tem como diretor artístico Filipe Marado, concretizou uma viagem que começou na foz do Douro e fez o percurso inverso ao rio, até à nascente nos Picos de Urbión, recolhendo a sonoridade das suas paisagens e gentes.

O projeto 897, lançado pelo Museu do Douro, guiou o grupo Sons do Douro através de uma viagem que começou no tabuleiro da ponte Luiz I, no Porto, onde se encheu uma garrafa de água que acompanhou o grupo até à fonte del Duero, a nascente do rio, onde foi simbolicamente despejada.

Ao longo do percurso foram realizados concertos junto às arribas, em locais recônditos, em miradouros, pontes, praças e ruas e uma residência artística em Zamora, onde foi feito um cruzamento artístico das tradições, música e das sonoridades portuguesa e espanhola. Daí nasceram novas composições musicais que agora fazem parte do reportório do Sons do Douro.

As pipas de vinho, cestos de vindima ou sacholas juntaram-se à viola, guitarra, bandolim e gaita-de-foles como instrumentos musicais e ajudaram a cantar e a contar o Douro.

Segundo Luís Carvalho, do Museu do Douro, foi concretizado “um grande desafio” através do Sons do Douro, que fez “uma ligação e uma partilha entre as populações” que vivem junto ao rio, através das tradições, história e novas sonoridades.

“Fazendo a jornada da foz para a nascente, com as pipas atreladas, sublinhamos a tese do renascer a imagem e o imaginário do Douro. Tendo como objetivo principal mesclar pessoas, identidades, sabores, contos, cantigas, cores, bagagens e sons por onde nos vamos apeando ao longo da jornada, criamos novos caminhos e abordagens sociais, musicais e afetivas”, realça.

Em Duruelo de la Sierra, a última localidade antes da nascente do rio, os viajantes percorreram por trilhos os últimos 12 quilómetros a pé, até à nascente do rio, com os instrumentos às costas.

“Nas fontes a emoção era enorme, sentíamos que o nosso dever estava a cumprir-se e quisemos fazer uma dedicatória ao Douro, que se transformou num poema belíssimo, cantado e tocado pelo Filipe Marado”, referiu.

E a viagem terminou com a água da garrafa que os participantes encheram na foz do rio Douro vertida nas fontes. A garrafa “tinha uma missão, um objetivo, foi companheira de viagem, das emoções, frustrações, angústias e confidencias, acompanhou-nos sempre”, conta Luís Carvalho.

Toda a emoção vivida e partilhada ao longo de dois meses de viagem, entre agosto e setembro de 2017, e toda a aprendizagem conquistada, deu lugar a um concerto, a um caderno de viagens e a um filme-documentário.

O projeto musical Sons do Douro foi impulsionado pelo Museu do Douro em 2013 e tem-se vindo a consolidar. Em 2017, o grupo realizou 40 espetáculos.

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