13 mar, 2018 - 17:02 • Filipe d'Avillez
Os monges do mosteiro trapista de Westvleteren, na Bélgica, estão furiosos com a cadeia de supermercados Jan Linders, da Holanda, por esta ter colocado à venda 7.200 garrafas de cerveja por perto de 10 euros a unidade. Na perspectiva dos monges, o preço é demasiado alto.
O interesse dos 20 monges que habitam o mosteiro deve-se ao facto de serem eles próprios os produtores da cerveja, que já foi votada várias vezes como "a melhor do mundo".
Existe uma grande tradição de mosteiros produtores de cerveja na Bélgica, de que os trapistas de Westvleteren são o expoente máximo. O dinheiro ganho com a venda da cerveja sustenta os monges e tudo o que sobra entra numa conta de solidariedade social, sendo usada para causas de caridade.
Mas a cerveja, produzida em quantidades limitadas, é extremamente difícil de obter. Segundo o site do mosteiro, os interessados em provar a Westlvleteren devem ser pacientes e contar com a sorte. Cada pessoa pode encomendar um máximo de duas grades de 24 garrafas a cada 30 dias. O comprador é então informado do dia e hora para comparecer à porta do mosteiro, sendo necessário registar a matrícula do carro em que a cerveja vai ser transportada, sob pena de esta lhe ser negada. Cada grade custa na ordem dos 40 euros, o que dá menos de dois euros por garrafa.
Foi, por isso, com choque que os monges descobriram que a Jan Linders tinha conseguido obter 300 grades de cerveja e que as estava a vender por perto de 10 euros a unidade. “Esse preço contraria os padrões éticos e os valores dos monges. Todos os amantes de cerveja sabem que os trapistas de Westvleteren não procuram maximizar o lucro, só produzem a quantidade de cerveja necessária para garantir o seu sustento. Todos os lucros vão para a instituição de caridade”, disse um porta-voz, citado pelo jornal britânico “The Guardian”.
A cadeia de supermercados já pediu desculpa. Diz que apenas queria dar um brinde aos seus clientes mais fiéis, tendo limitado a compra da cerveja a duas garrafas por comprador. O preço, garante, deve-se ao facto de ter tido que obter a cerveja de várias fontes diferentes, resultando num acréscimo de custos, mas o lucro obtido com o negócio é “negligenciável”.
Apesar do desagrado, o mosteiro optou por não apresentar qualquer queixa, dizendo apenas que espera que este caso não se volte a suceder.