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Ruas britânicas mais limpas. Pastilhas elásticas ganham vida nova como lápis ou pentes

06 mar, 2018 - 09:42

A iniciativa é de uma designer britânica que criou "ecopontos" para pastilhas.

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Reciclar pastilhas elásticas e ajudar a manter as ruas limpas é a missão que a designer Anna Bullus tomou em mãos depois de ter investigado a composição química do produto.

Tudo começou há 10 anos, quando Bullus examinou amostras aleatórias de lixo e tentou descobrir quais elementos poderiam ser reciclados. “Encontrei um pedaço de pastilha elástica e, como designer, fiquei completamente espantada”, porque “não havia nada que fosse feito para reciclar”, disse em entrevista à BBC.

Acabou por descobrir que a pastilha elástica é um material versátil e pode ser bastante útil. Procurou então parceiros industriais dispostos a reciclar as pastilhas usadas e encontrou uma fábrica de reciclagem em Worcester.

A pasta resultante é moldada em novos objetos, como canecas, lápis, pentes, recipientes de cozinha e solas de sapatos. Cada produto contém, no mínimo, 20% de “chiclete”.

Anna Bullus conseguiu ainda o apoio financeiro de um dos maiores fabricantes de pastilhas elásticas, a Wrigley.

“Pastilhões” para manter as ruas limpas

Para evitar que as pastilhas elásticas sejam deitadas para o chão – as pastilhas são o lixo mais comum nas ruas a seguir aos cigarros – Anna Bullus criou umas caixas cor-de-rosa a partir do material reciclado.

Os “pastilhões” foram espalhados por zonas estratégicas, como o aeroporto de Heathrow, universidades e estações de caminhos-de-ferro do Reino Unido. Por fora, a mensagem onde se explica que todas as pastilhas recolhidas serão recicladas e aproveitadas para a confeção de novos objetos.

A Universidade de Winchester foi dos primeiros lugares a inscrever-se para usar estes depósitos. Cerca de 8.000 pessoas vivem e trabalham no campus e as autoridades queriam mantê-lo limpo deste tipo de lixo.

Um ano e meio depois da estreia, a universidade registou uma queda na quantidade de pastilhas no chão, pelo que já está a alargar o esquema de reciclagem.

Foto: site oficial Gumdrop
Foto: site oficial Gumdrop
Caneca de café feita a partir de pastilha elástica. Foto: site oficial Gumdrop
Caneca de café feita a partir de pastilha elástica. Foto: site oficial Gumdrop

"Podemos mudar a forma como as pessoas se comportam"

A iniciativa de Anna Bullus já começou a ter efeitos ao nível político. O Parlamento britânico, por exemplo, considera criar mais impostos para as empresas de pastilhas que não tomem ações para combater o lixo provocado por estes produtos nas ruas.

Mas há mais medidas a ser testadas, como pastilhas sintéticas biodegradáveis e mais fáceis de tirar das ruas. E há ainda um tipo de pastilha orgânica feita de goma nativa da América Central, mas o mercado ainda é pequeno.

O mercado atual é dominado por pastilhas sintéticas e não biodegradáveis, mas a designer britânica acredita que poderá mudar.

"Eu acredito nisto através do design adequado. Podemos realmente mudar a forma como as pessoas se comportam", afirma.

Em todo o mundo, são gastos mais de 15 mil milhões de euros todos os anos no fabrico de pastilhas elásticas.

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