Tempo
|
A+ / A-

Síria

​Casal paquistanês são os primeiros civis retirados de Ghouta

01 mar, 2018 - 14:25

Corredor humanitário foi aberto no quadro de uma "pausa humanitária" diária de cinco horas decretada pela Rússia.

A+ / A-

A retirada de civis do enclave rebelde de Ghouta oriental, na Síria, começou esta quinta-feira com a saída de um casal paquistanês, que chegou a Damasco através do "corredor humanitário" aberto pelo regime sírio e pela Rússia, indicaram fontes oficiais.

O "corredor" foi aberto no quadro de uma "pausa humanitária" diária de cinco horas decretada pela Rússia e que entrou terça-feira em vigor para permitir o encaminhamento de ajuda alimentar e medicamentosa ao enclave, alvo de uma campanha aérea por parte das forças do regime de Bashar al-Assad que já provocou a morte de mais de 600 civis desde 18 de fevereiro.

Quarta-feira, uma fonte militar e outra do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) indicaram que nenhum civil ou comboio humanitário atravessou o setor de Al-Wafidine para sair do enclave rebelde próximo de Damasco.

Hoje, porém, fontes do Crescente Vermelho sírio e do observatório adiantaram que um casal paquistanês, de idade avançada, foram os primeiros civis a serem retirados do enclave através do "corredor".

"[A retirada] enquadra-se no nosso dever humanitário", disse a fonte do Crescente Vermelho sírio, encarregada da operação.

Síria. O que se passa em Ghouta, onde morrem centenas de pessoas e a ajuda não chega?
Síria. O que se passa em Ghouta, onde morrem centenas de pessoas e a ajuda não chega?

Por seu lado, Mohamed Allouche, dirigente da Jaich al-Islam, uma das principais fações rebeldes que controlam Ghouta Oriental, confirmou na conta do Twitter a saída do casal paquistanês.

"Foi a única saída que ocorreu" desde a entrada em vigor da "pausa humanitária", disse à agência noticiosa France Presse (AFP) Rami Rahmane, diretor do observatório sírio, instituição que congrega uma vasta rede de fontes em todo o país, no terreno há sete anos.

No entanto, segundo Rahmane, a retirada do casal paquistanês não está ligada à trégua russa, sendo o resultado de negociações que decorrem há muito tempo mediadas pela embaixada do Paquistão.

Em breves declarações à AFP, ainda em Douma e antes de ser transferido para Damasco com Saghran Bibi, a mulher, Mohamad Fadl Akram, 73 anos, afirmou residir na Síria desde 1974.

O cidadão paquistanês lamentou ter deixado para trás os dois filhos e três filhas, bem como 12 crianças que residiam com o casal.

"O Estado [sírio] não deu autorização. Que Deus os proteja", desabafou.

O enclave rebelde de Ghouta oriental está desde 2013 sob um cerco das forças leais a al-Assad e os cerca de 400 mil habitantes são vitimas diariamente, além dos bombardeamentos, de falta de alimentos e de medicamentos.

Desencadeado a 15 de março de 2011 na sequência da repressão de manifestações pacíficas pró-democracia, o conflito na Síria, que se estende a ouras regiões, já causou mais de 340.000 mortos, bem como milhões de deslocados e refugiados.

Tópicos
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+