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Chocante, vergonhoso, racista. ONU condena insulto de Trump ao Haiti

12 jan, 2018 - 12:29

Presidente dos EUA classificou o Haiti e os países africanos como “países de merda”. África do Sul também já reagiu.

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Trump. O calão que alimenta o racismo e a xenofobia
Trump. O calão que alimenta o racismo e a xenofobia

A ONU considera chocante, vergonhosa e racista a ofensa que o Presidente norte-americano lançou contra países africanos e o Haiti.

“Se for confirmado, são comentários chocantes e vergonhosos por parte do Presidente dos Estados Unidos. Perdão, mas não existe outra palavra para as classificar além de racistas", afirmou o porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Rupert Colville, em conferência de imprensa em Genebra (Suíça).

Donald Trump qualificou El Salvador, Haiti e vários países africanos que não identificou como "países de merda", afirmando que preferia abrir as portas a imigrantes procedentes de países como a Noruega.

“Por que razão temos todas estas pessoas de países de merda [‘shithole countries’] a virem para aqui?”, perguntou o Presidente dos EUA durante uma reunião com deputados na Casa Branca.

A pergunta é divulgada esta sexta-feira pelos meios de comunicação social norte-americanos, entre os quais o jornal “The Washington Post”, que cita fontes familiarizadas com o encontro.

Trump recorreu ao calão depois de dois senadores lhe terem apresentado um projecto de lei migratório ao abrigo do qual seriam concedidos vistos a alguns cidadãos de países que foram recentemente retirados do Estatuto de Protecção Temporária (TPS, na sigla em inglês), como El Salvador, Haiti, Nicarágua e Sudão.

O TPS é um benefício concedido pelos Estados Unidos a imigrantes indocumentados que não podem regressar aos países por causa de conflitos civis, desastres naturais ou outras circunstâncias extraordinárias, permitindo-lhes trabalhar no país com uma autorização temporária.

Donald Trump sugeriu, em resposta, que os Estados Unidos deveriam atrair mais imigrantes de países como a Noruega, com cuja primeira-ministra se reuniu na véspera.

Segundo o “The Washington Post”, os deputados presentes na reunião ficaram chocados com os comentários. O jornal “Los Angeles Times” corroborou a informação, acrescentando que, antes de proferir o insulto, Trump questionou: “Para que é que queremos haitianos aqui? Para que é que queremos todas estas pessoas de África aqui?”

“Não é que os EUA não tenham problemas…”

A África do Sul também já reagiu às palavras do Presidente norte-americano.

“O nosso país não é de merda, nem o Haiti ou qualquer outro país em crise”, afirmou Jessie Duarte, vice-secretária-geral do ANC (Congresso Nacional Africano), partido no poder na África do Sul.

“Não é que os EUA não tenham problemas. Têm desemprego e há pessoas sem acesso a serviços sociais”, apontou a responsável em conferência de imprensa.

“Nunca faríamos tais declarações sobre um país que atravesse dificuldades socioeconómicas”, conclui.

“Trump sempre lutará pelo povo norte-americano”

Questionado sobre o assunto, um porta-voz da Casa Branca não negou que Donald Trump tenha feito as referidas declarações.

“Certos políticos de Washington escolhem lutar por países estrangeiros, mas o Presidente Trump sempre lutará pelo povo norte-americano”, defendeu Raj Shah num comunicado reproduzido por diversos meios de comunicação social.

“O Presidente Trump luta para conseguir soluções permanentes que tornam o nosso país mais forte, ao dar as boas-vindas àqueles que possam contribuir para a nossa sociedade, fazer crescer a nossa economia e integrar-se na nossa grande nação”, justificou ainda o porta-voz da Casa Branca.

Trump “sempre rejeitará as medidas temporárias, débeis e perigosas que ameacem as vidas dos norte-americanos que trabalham duro, e que prejudiquem aqueles imigrantes que procuram uma vida melhor nos Estados Unidos através de uma via legal”, acrescentou.

O projecto de lei negociado por seis senadores de ambos os partidos, republicano e democrata, prevê a eliminação da chamada “lotaria dos vistos”, programa electrónico que selecciona aleatoriamente imigrantes de países com baixas taxas de migração para os Estados Unidos.

Todos os anos, cerca de 50 mil pessoas entram no país através desse programa, que abre caminho à cidadania norte-americana e que beneficia, sobretudo, países de África.

Fonte do Senado que pediu o anonimato indicou à agência de notícias espanhola EFE que metade desses vistos seria consignada aos que até agora estavam protegidos ao abrigo do TPS e que a outra metade estaria reservada a imigrantes com qualificações profissionais que merecem entrar nos Estados Unidos - o famoso “mérito” defendido por Trump.

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  • Antoninho
    14 jan, 2018 porto 17:28
    O antoninho ás vezes devia ficar calado antes de escrever... Peço desculpa pela imprudência nas palavras. É errado procurar o mal no bem e vice versa.
  • antoninho
    13 jan, 2018 Porto 21:22
    O desprezo das classes dominantes para com os seus semelhantes é generalizada, olhem para o que fazem e esqueçam o que dizem, a forma como tratam e cuidam dos pequeninos é escandalosa, mas um escândalo que é consentido aceite e continuado por todos, que escândalo é este em comparação, nesse países é horrível, um facto.
  • Mario
    12 jan, 2018 Portugal 14:07
    Isto nada tem de racismo essa e uma realidade que muitos nao sao capazes de o dizer embora pensem o mesmo mas como sao cobardes calam-se e criticam.....

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