12 jan, 2018 - 11:09
Relatos da população, confirmados pelo presidente da Câmara de Castelo de Paiva, dão conta da combustão de resíduos de carvão nas antigas minas do Pejão, desde Outubro. Técnicos foram enviados para avaliar no local impacto.
A situação está a acontecer nas entulheiras das minas, onde estão depositadas muitas toneladas de resíduos, e foi activada pelo incêndio de 15 de Outubro, através das raízes das árvores que foram consumidas pelas chamas.
A combustão é subterrânea, mas os gases expelidos para a atmosfera são visíveis e têm um cheiro intenso a enxofre. A população mais próxima está situada a cerca de 300 metros.
Os autarcas exigem uma solução técnica rápida e eficaz para o problema, depois de as tentativas dos bombeiros para extinguir a combustão, com a utilização de grandes quantidades de água, não terem resultado.
Um grupo de técnicos da Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM), à qual compete a monitorização das áreas mineiras degradadas, deslocam-se esta sexta-feira a Castelo de Paiva para fazer uma avaliação.
Segundo um esclarecimento enviado à agência Lusa pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), a deslocação ocorre para "dissipar a hipótese da existência de impactos numa escala de âmbito local, envolvente das minas do Pejão".
A CCDR-N assinala que a EDM é responsável pela "caracterização e recuperação ambiental das áreas mineiras degradadas e sua monitorização, no âmbito do contrato de concessão atribuído pelo Estado português.
A mesma comissão indicou, numa posição escrita, que os dados sobre poluentes atmosféricos da estação de medição mais próxima das antigas minas do Pejão, situada a Paços de Ferreira, "não se verificaram em 2017 excedências aos valores limites dos poluentes nela monitorizados: partículas (PM10), dióxido de azoto (NO2) e ozono (O3)".
Gases nocivos?
Em declarações à Lusa, um antigo funcionário das Minas do Pejão disse que a combustão provoca gases tóxicos.
António Pinto, que mora na localidade de Pedorido, onde laboravam as minas, disse que a situação é "muito preocupante", porque a combustão dos resíduos de carvão provoca gases, visíveis a olho nu, com substâncias que "podem ser nocivas para a saúde pública", ao nível das doenças respiratórias.
O ex-trabalhador da exploração mineira reforçou a preocupação com a proximidade de um lar de idosos, onde já se sentem os cheiros resultantes da combustão, defendendo, por isso, a título de prevenção, a evacuação do equipamento.
Em 1994, quando foi encerrada a mina, as entulheiras foram cobertas com aterro, por imposição da União Europeia, contou.
Quanto mais tempo se demorar a extinguir a combustão, mais ela evoluirá para camadas profundas, tornando mais difícil eliminá-la, alertou.