09 jan, 2018 - 22:35
A conferencia episcopal de Angola e São Tomé mostra-se satisfeita com a luz verde dada pelo Presidente angolano para que o sinal da Rádio Ecclesia seja estendido a todo o país.
O Presidente angolano fez o anuncio na segunda-feira, sublinhando ser um defensor da liberdade de expressão e de imprensa.
A ampliação a todo o território de Angola do sinal da Rádio Ecclesia é uma velha aspiração e por isso mesmo o anuncio foi acolhido com satisfação na emissora.
Nascida na década de 1950, a Ecclesia foi extinta em 1978, mas reaberta em 1999. Há 18 anos que a rádio luta para que o sinal seja ampliado a todo o país. Foram adquiridas licenças e comprados equipamentos na esperança de que a Ecclesia chegasse a todo o território, mas com o tempo muito se perdeu.
É preciso começar de novo, mas não necessariamente do zero, explica o padre Augusto Epalanga, director de informação da Rádio Ecclesia, que admite que “desde a tomada de posse do novo presidente que havia sinais de que mais tarde ou mais cedo teríamos esta notícia.”
Agora para tudo avançar há zonas onde é preciso algum trabalho, mas noutras a emissão pode começar de imediato. “No terreno depende da reavaliação técnica do projecto, porque em 2002 o projecto tinha caminhado até ao ponto de instalar emissores e estúdios em todas as dioceses. Com o tempo que passou algum ficou obsoleto ou danificado. Depois depende da burocracia, no sentido de readquirirmos as frequências.”
“De qualquer maneira, não vai tardar, porque já estávamos preparados a longo prazo e temos um projecto para começar as coisas paulatinamente. Há dioceses como Benguela, Lubango e Luena, que podem começar a transmitir mal haja licença”, diz.
O padre Augusto Epalanga considera que a Ecclesia tem muito a dar ao povo angolano. Não apenas ao nível da evangelização, mas também entretenimento e informação. “A linha editorial da Rádio Ecclesia é a evangelização, mas claro que não tem só essa dimensão. Temos também a dimensão de informar e entreter. É uma mais valia porque vamos ao encontro do desejo e do direito dos ouvintes de serem informados”.
Maior vitória da Igreja angolana nos últimos anos
A notícia foi saudada com grande satisfação também pelo padre Tony Neves. Jornalista de formação, chegou a ser repórter de guerra em Angola, onde passou vários anos. Actualmente está de volta a Portugal e é provincial dos missionários do Espírito Santo.
Ouvido pela Renascença, o padre Tony Neves diz que chegou a perguntar ao então ministro da Comunicação Social para quando a correcção de uma situação que considera “um escândalo”. O ministro disse-lhe que seria uma questão de dias. Foi em 2008.
Satisfeito por os tais “dias” terem passado, o padre diz que esta é talvez a maior vitoria da Igreja Católica no país nos últimos tempos.
“É uma grande notícia. Talvez a maior vitória da Igreja Católica em Angola nos últimos tempos. A rádio ainda é o grande meio de comunicação e por isso se a Rádio Ecclesia conseguir estender o sinal a todo o país há um conjunto de valores, a começar pela liberdade de expressão, que vão poder circular pelo país inteiro, porque actualmente a liberdade de expressão em Angola não é uma realidade.”
“Se a Rádio Ecclesia puder chegar a todo o país há um conjunto de valores que têm a ver com a democracia, mas têm também a ver com os direitos humanos em geral, que vão pelo menos ser falados. Em termos pastorais, é muito importante para a Igreja, mas para o povo angolano é ainda mais. É um momento histórico para Angola”, conclui o sacerdote.