19 dez, 2017 - 11:20 • Ângela Roque , Paula Costa Dias
A aprovação das “virtudes heróicas da serva de Deus Luiza Andaluz” foi anunciada esta terça-feira pelo Vaticano. O processo de canonização tinha sido entregue em Roma no dia 3 de Abril de 2000.
Luiza Andaluz nasceu a 12 de Fevereiro de 1877, “filha de pais profundamente cristãos, que a educam no amor e altruísmo pelos outros”, indica a sua biografia. Esteve ligada desde cedo ao trabalho social vocacionado para as crianças e foi uma das principais dinamizadoras da criação de escolas e oficinas de trabalho em diversos locais.
Tinha 38 anos quando se sentiu chamada à vida religiosa, como carmelita. Em 1923 fundou as Servas de Nossa Senhora de Fátima, uma congregação religiosa com duas coordenadas: “o desejo de se dedicar à vida contemplativa e a necessidade de uma resposta apostólica aos novos tempos”, refere ainda a sua biografia. No mesmo ano inicia-se a vida fraterna na sua casa em Santarém, hoje Casa Mãe da Congregação, onde faleceu a 20 de Agosto de 1973, com 96 anos.
"Passar fazendo o bem à imitação do Mestre Divino, tornar felizes os que nos rodeiam, que doce programa de vida!", é uma das suas afirmações mais citadas.
Obra em Portugal e no mundo
A Congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima foi criada para “para responder a necessidades urgentes da missão da Igreja, na sociedade”. Trabalham “na promoção humana”, “na pastoral a vários níveis”, e “no serviço à sociedade, através de várias profissões, sendo aí sinal da presença de Cristo e da Igreja”.
Em Santarém, onde a congregação nasceu, a Fundação Luiza Andaluz acolhe crianças do sexo feminino abandonadas ou oriundas de famílias desestruturadas. Mas as Servas de Nossa Senhora de Fátima estão presentes em várias dioceses, como Lisboa, Leiria-Fátima, Guarda, Lamego, Beja ou Setúbal. Contando com a colaboração de vários leigos, asseguram vários serviços nas paróquias, nomeadamente na catequese, nas visitas a doentes, a idosos e às prisões.
A congregação já se expandiu também para outros países. É o caso da Bélgica e do Luxemburgo, na Europa. Estão também no Brasil, e em África têm comunidades em Angola, em Moçambique e na Guiné Bissau.
As “virtudes heróicas” é a designação canónica dada ao conjunto de requisitos de exemplaridade de vida que devem ser demonstrados para que se inicie o processo formal de canonização na Igreja Católica. A demonstração da existência de virtude heróica é feita pela análise, post mortem, do comportamento e percurso de vida do candidato à santidade, tendo de ficar claro, e para além de qualquer dúvida, que em vida a conduta do candidato se pautou pela prática para além do comum das virtudes teologais e das virtudes cardeais.
Alegria e um "grande desafio"
Foi com grande alegria que a superiora-geral da Congregação das Servas de Nossa Senhora recebeu a notícia da aprovação das virtudes heróicas da sua fundadora.
Para a irmã Lucília Gaspar, é um motivo de alegria, mas é também um “grande desafio” ter Luiza Andaluz “como exemplo” de vida.
Por outro lado, leva as Irmãs a pensarem noutros voos: “Ela ainda não é santa. Se calhar, o primeiro voo é desejar a nossa conversão e fazer por isso, no sentido de ela muito brevemente, quando Deus permitir, possa também estar nos altares e ser uma santa para o mundo inteiro”.
A irmã Lucília Gaspar guarda ainda algumas memórias da fundadora da Congregação das Servas de Nossa Senhora.
“Enquanto menina eu visitava a casa onde ela vivia, tinha três, quatro ou cinco anos, porque uma das minhas irmãs trabalhou na casa onde ela morava. Eu ia lá e visitava uma senhora velhinha que me fazia uma cruz na testa e me dava uns santinhos que ela fazia, umas estampas. É essa a memória que eu tenho dela”, conta a irmã Lúcia Gaspar.
A comemoração oficial em Portugal e nos países onde a Congregação está implantada ainda não tem data marcada.
[Notícia corrigida às 18h18]