É em termos políticos que toda uma geração se define. E se fecha em copas. Branco, Preto, Assim-assim, Cidadão-preocupado-se-faz-frio, Amigo-dos-animais, Letra-B-do-alfabeto.
Quando formos assaltados pelo tolo desejo de sermos “disruptivos”, não nos precipitemos. Recordemos essa noite de todas as noites, e essa luz de todas as luzes, que da melangente gruta de Belém, brotou.
Este comportamento atinge pura alucinação, quando o tema é Trump. Quando calha pronunciar o monossílabo. Se o fizermos, em termos não menos que apocalípticos, é o baque total. O Deus-nos-acuda.
Fico dividido. Afinal o Dia das Bruxas é cristão até ao tutano. É certo que se corrompeu. É certo que celebra um panteão de equívocos consagrados nestes tempos: a atracção pelo grotesco e o infernal, o aplainamento de especificidades locais como o Pão-por-Deus. Sempre foi agradável detestar isto.
A irreverência passou a constituir a norma e os papéis entre classe artística e sistema ficaram adulterados. Se estas bandas e artistas cumpriam o papel de “sticking up to the man”, transmutaram-se agora no alvo contra quem um dia cantavam.