Pela segunda vez, o antigo secretário de estado da Saúde recusou responder aos deputados na Comissão Parlamentar de Inquérito. Numa intervenção inicial garantiu que não pediu nenhuma consulta para as gémeas, mas admitiu que marcou uma audiência com Nuno Rebelo de Sousa.
Depois de 36 audições e oito depoimentos escritos, o ex-secretário de Estado da Saúde regressa à Comissão Parlamentar de Inquérito para aquela que será a última audição presencial. Na CPI que quer apurar a interferência política no acesso ao Serviço Nacional de Saúde, Lacerda Sales foi mais do que uma vez apontado como o responsável.
A ministra da Saúde foi ouvida como ex-presidente do Conselho de Administração do Santa Maria na altura em que o caso foi noticiado. Disse não ter encontrado provas de interferência de Marcelo ou Lacerda Sales, mas recorda que a auditoria feita no hospital concluiu que houve uma referenciação para a consulta das crianças da secretaria de Estado da Saúde.
Questionado sobre se um membro do Governo "tem autonomia para proceder à marcação de consultas", Pizarro disse que não e que apenas pode "encaminhar reclamações ou pedidos que Ihe cheguem através de entidades oficiais ou de privados para as respetivas instituições".
Médica admitiu não ter contactado diretamente com o antigo governante, nem com "nenhum dos intervenientes", mas que essa solicitação vinda de um secretário de Estado a "irritou um pouco" e, por isso, referiu essa questão nos relatórios da consulta.
Chefe de gabinete do ex-secretário de Estado da Saúde garante que o caso não foi abordado na reunião de 7 de novembro de 2019 com Nuno Rebelo de Sousa. Por "exclusão de partes", Tiago Gonçalves assume que a marcação da consulta terá sido autorizada por Lacerda Sales.
Depois da aparente contradição entre as audições de Lacerda Sales e da sua antiga secretária, Ventura anunciou que ia pedir para ouvir o ex-governante de novo.