Intitulado "Prima Contradição", o livro póstumo reúne parte de uma obra poética que nunca recebeu versão definitiva, selecionada entre mais de um milhar de páginas deixadas por Pomar.
Os novos livros de Richard Zimler, Leonardo Padura ou um diário da invasão russa na Ucrânia escrito pelo ucraniano Andrei Kurkov são outras das obras que vão chegar às livrarias nos próximos meses. Numa altura em que a chancela Assírio e Alvim começa a publicar a obra poética de Ana Hatherly, sai também uma nova fixação do texto de “Peregrinação” de Fernão Mendes Pinto
“Não sou um fabricante de coisas, sou incapaz de fazer duas vezes a mesma coisa”, avisou um dia. Júlio Pomar dizia-se artista sem “escola, maneira ou clube”, não acreditava na possibilidade de arrumar a arte dentro de limites precisos. “O gosto que eu tenho no ofício que pratico é ser surpreendido”, dizia. “Viver é isso”, estar “constantemente a trocar de situações”. Quanto termina essa opção, “a vida acabou”. O artista plástico, referência máxima na arte moderna e contemporânea portuguesa, morreu esta terça-feira, aos 92 anos.
"É uma grande herança que o país recebe deste homem", sublinhou a pintora Graça Morais, em entrevista à Renascença, na reacção ao desaparecimento de Júlio Pomar, aos 92 anos. A artista transmontana emocionou-se, mas insistiu em deixar um testemunho. "É difícil, mas eu tenho de falar, porque o Júlio foi sempre um grande amigo". Destacou a "enorme generosidade" que sempre lhe reconheceu, o "exemplo de cidadão", o lutador em tempo de ditadura e o homem sempre insatisfeito com o seu trabalho. "Perdi um amigo, mas a obra é tão importante que continua sempre connosco", afirmou a pintora.
Artista plástico morreu esta terça-feira aos 92 anos. Do mundo das artes à política, Júlio Pomar é recordado como um homem à frente do seu tempo, corajoso, generoso, talentoso, que deixou uma vasta obra através das décadas.
No dia da morte da Júlio Pomar recordamos cinco obras emblemáticas do artista plástico que marcou a arte contemporânea em Portugal nas últimas décadas. Podiam ser muitas mais.
O chefe de Estado dá como exemplo o retrato do Presidente Mário Soares que figura na galeria dos tratos do Museu da Presidência “e que na altura chocou tantos bem-pensantes”.