10 nov, 2012
O deputado João Semedo, candidato a coordenador do Bloco de Esquerda, defende que "é impossível" a convergência para um Governo de esquerda enquanto o líder do PS tiver "um pé" no memorando da 'troika'.
Perante a VIII Convenção Nacional do Bloco de Esquerda, João Semedo expôs as condições da sua força política para um entendimento global à esquerda, em especial com o PS.
"Para a convergência, o Bloco fará a sua parte, sem qualquer sectarismo ou pretensões hegemónicas", mas "é também necessário que outros façam a sua parte".
"Enquanto António José Seguro tiver um pé no memorando e outro na oposição, é impossível a convergência para um Governo de esquerda", disse, arrancando dos delegados uma prolongada ovação.
João Semedo, que deverá em breve partilhar a liderança do Bloco de Esquerda com a deputada Catarina Martins, respondeu também a alguns sectores políticos de esquerda que advogam que a intransigência da direcção bloquista empurra o PS para a direita.
"Aos que nos acusam de empurrar o PS para a direita, dizemos, simplesmente, empurrem o PS para a esquerda. E não nos peçam que façamos à esquerda as rábulas e o contorcionismo que o CDS faz à direita", afirmou.
Ainda numa tentativa de estabelecer demarcações face ao PS, João Semedo excluiu soluções de acordo de meio-termo e advertiu que "ninguém espere que o Bloco de Esquerda se resigne e partilhe a solução do mal menor, uma austeridade 'light' ou privatizações em dose mínima".
"Vencer a 'troika' (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia) para renunciar ao memorando e deitar fora a sua política - essa é a primeira condição para o Governo de esquerda. Um Governo de esquerda não se faz com retoques no memorando, nem com austeridade em suaves prestações ou aceitando baixar salários a troco de mais emprego ou privatizar empresas estratégicas para não tocar no Estado social", disse, numa série de novas alusões críticas ao PS.
Para João Semedo, a opção fundamental, é entre duas perspectivas inconciliáveis: "É entre os credores ou as pessoas, entre a 'troika' ou o país".