03 nov, 2012
Ramalho Eanes defendeu um "pacto de crescimento e modernização do país", argumentando que o ajustamento do Estado tem que acautelar uma "remuneração mínima" e serviços públicos que garantam "integração social e unidade".
Na conferência "Portugal: o país que queremos ser", a decorrer na Fundação Gulbenkian, o antigo governante considerou que se o Estado não souber relacionar-se com a sociedade civil e se os cidadãos não assumirem as suas responsabilidades e forem exigentes com quem os governa, os problemas não se resolvem.
“É indispensável que o Estado, os partidos políticos e a sociedade, em conjunto, analisem correctamente a situação, vejam que é indispensável para que a unidade se mantenha, e aquilo que é indispensável para que o país possa crescer e satisfazer os seus encargos, satisfazer as necessidades dos seus cidadãos e abrir-lhes um horizonte de mobilização e esperança", refere.
Ramalho Eanes concorda que o Estado deve ajustar as suas funções - chamem-lhe ou não "refundação". O que é necessário é que não se esqueçam as pessoas e os seus direitos fundamentais.
"Não esquecendo nunca que o Estado tem que exercer funções que são como segurança, justiça, defesa, mas também assegurar aquilo que é necessário para que um povo se mantenha unido, que é responder a todos, com uma remuneração mínima, que lhes garanta dignidade suficiente, responder a todos nas crises pessoais e familiares - desemprego, doença, incapacidade - e também fazer com que toda a população disponha de serviços de saúde, educação, que lhe garantam a integração social e a unidade", sustentou.
Estas declarações foram feitas no final da conferência promovida pela Comissão Nacional Justiça e Paz, que está ainda a decorrer na Fundação Gulbenkian.