Vaticano anuncia começo de experiências com células estaminais adultas
10 nov, 2011 • Radio Vaticano
Especialistas de todo o mundo estão concentrados em Roma para debater as vantagens das terapias com células estaminais adultas, em oposição às embrionárias.
O Vaticano estará prestes a anunciar um importante avanço nas terapias médicas que recorrem a células estaminais, avança o jornal "L’Osservatore Romano".
Cerca de 350 especialistas de todo o mundo estão reunidos em Roma para debater as vantagens terapêuticas das células estaminais adultas, em oposição às embrionárias.
Enquanto a obtenção de células estaminais embrionárias envolve sempre a destruição de embriões humanos, a recolha de células adultas não tem quaisquer desvantagens morais ou éticas.
Monsenhor Vincenzo Paglia, bispo de Terni-Narni, deve anunciar esta quinta-feira que, depois de anos de expectativa, está tudo pronto para a experimentação clínica de células estaminais adultas em pacientes com esclerose lateral amiotrófica, na cidade de Terni.
O jornal "L’Osservatore Romano" antecipou a notícia de que um grupo de cientistas, coordenado e apoiado pelo bispo há anos, finalmente recebeu dos organismos competentes as autorizações necessárias para iniciar o programa de experimentação.
A prática consiste na implantação de células estaminais do cérebro humano na medula espinhal de 18 pacientes com esclerose lateral amiotrófica, cuja selecção deve começar em Dezembro.
As células estaminais adultas localizadas, por exemplo, na medula espinhal, no sangue ou no fígado, podem ser modificadas e formar tecidos com usos terapêuticos múltiplos e eventualmente curar doenças como a esclerose em placas ou leucemias.
Estudos promissores
Segundo o presidente da fundação americana "Stem for Life", Max Gomez, a pesquisa evidenciou perspectivas particularmente promissoras: tratadas especialmente, essas células podem não apenas regenerar os tecidos de onde provêm, mas também adaptar-se a outros tecidos. As terapias, em pleno desenvolvimento, abrem novas esperanças, principalmente para as pessoas com doenças cardíacas e diabetes.
“No campo da pesquisa médica, a Igreja sabe que não existe alternativa à experimentação no homem, mas o que vale é que o homem não deve nunca ser objecto, mas sujeito. Os actores são dois, médico e paciente”, disse o Cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho da Cultura, que organizou o encontro.
Para monsenhor Ignacio Carrasco de Paula, presidente da Pontifícia Academia para a Vida, a própria realização do colóquio derruba a ideia segundo a qual a Igreja “estaria em conflito” com a ciência, permanecendo fechada numa atitude hostil.