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Viatura de emergência de Évora de novo parada

08 abr, 2014

Presidente da ARS do Alentejo fala em falta de pessoal qualificado e Ordem dos Enfermeiros queixa-se do valor pago aos profissionais, situação que pode estar na origem da falta de tripulantes destas ambulâncias.

A Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do Hospital de Évora está esta terça-feira de novo parada, desde as 8h00 às 16h00, por falta de recursos humanos.

Fonte do gabinete de comunicação do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) já confirmou a inoperacionalidade da viatura naquele período, adiantando que o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) "está informado" e que "tem outros meios disponíveis na região".

Outra fonte clínica confirma que a VMER está parada devido à falta de médico, estando apenas disponível um enfermeiro.

Durante a manhã, a Renascença falou com o presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) de Évora, José Robalo, segundo o qual o número de profissionais com formação específica para operar nas viaturas médicas de emergência rápida (VMER) é pequeno para as necessidades e nem sempre estão disponíveis.

No domingo à noite, quando ocorreu um acidente com duas vítimas, perto de Reguengos de Monsaraz, a VMER do Hospital de Évora estava indisponível por "motivos de doença de um profissional escalado" e foram os bombeiros que tiveram de se deslocar ao local para transportar os feridos ao hospital. As duas vítimas acabaram por morrer.

Há pouco mais de três meses, a 25 de Dezembro de 2013, a VMER de Évora também esteve inoperacional quando um acidente na Estrada Nacional (EN) 114, entre Évora e Montemor-o-Novo, que envolveu dois automóveis e um cavalo, provocou quatro mortos e quatro feridos graves.

Falta de pessoal relacionada com pagamento?
A Ordem dos Enfermeiros queixa-se que a redução do valor pago aos profissionais das VMER pode estar origem dos problemas de falta de tripulantes.

“Houve uma redução recentemente na ordem dos 20% em algumas unidades do valor/hora, o que não motiva as pessoas a, para além da sua escala normal – das 40 horas que fazem no serviço – ainda fazerem mais aqueles turnos da VMER”, afirma à Renascença o vice-presidente da Ordem dos Enfermeiros, Bruno Noronha.

O dirigente explica ainda que as escalas das VMER “já teve vários modelos de organização”.

“Inicialmente, a VMER dispunha da escala dos profissionais e fazia a gestão. A certa altura, o INEM transferiu para as unidades de saúde essa responsabilidade da gestão dos recursos humanos e colocou muitas das viaturas nas Urgências dos próprios hospitais e é por causa disso que há diferentes tipos de organizações das escalas de pessoal”, esclarece.

Esta manhã, à Renascença, o presidente da ARS Alentejo, José Robalo, negava razões financeiras como justificação para as falhas na emergência da região, mas admitia a falta de profissionais com formação específica para poder acudir às situações de emergência.