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Falta pessoal aos três institutos portugueses de oncologia

15 jan, 2014

Administradores deram conta deste problema comum, no Parlamento, a propósito do documento "Em defesa dos doentes oncológicos". Em alguns casos aguardam resposta das Finanças há mais de dois anos.

Os administradores dos Institutos Portugueses de Oncologia (IPO) de Lisboa, Porto e Coimbra alertaram esta quarta-feira para a falta de pessoal resultante das dificuldades em recrutar profissionais, com alguns pedidos a aguardarem resposta das Finanças há mais de dois anos.

Durante uma audição requerida pelo PS, CDS-PP e PCP, a propósito do documento "Em defesa dos doentes oncológicos", elaborado por 65 oncologistas contra o despacho que regulamenta a prescrição e dispensa de medicamentos inovadores, os presidentes dos três IPO transmitiram aos deputados da Comissão de Saúde as suas apreensões com a falta de pessoal.

Em causa estão dificuldades no recrutamento de pessoal, agravadas com a saída de muitos profissionais.

Só no IPO do Porto saíram 90 funcionários nos últimos dois anos, cuja substituição a administração solicitou, tendo recebido recentemente autorização para uma contratação. Faltam, sobretudo, enfermeiros, assistentes operacionais e técnicos superiores de saúde.

O administrador Laranja Pontes considera que a situação pode agravar-se nos próximos tempos, pois alguns recursos actuais poderão aceitar propostas para irem trabalhar para outros países europeus e também no Brasil, onde o recrutamento está já a dar os primeiros passos. "Vamos perder recursos e, por isso, provavelmente as nossas instituições vão ter problemas", disse.

Este instituto trata 10 mil dos 40 mil novos casos de cancro que se registam anualmente.

Em Lisboa, o IPO está igualmente a sofrer com as dificuldades no recrutamento, com o administrador a sublinhar que estas vão ter consequências. "Está quase a fazer um ano desde que fizemos o primeiro pedido", disse Francisco Ramos, para quem só "graças a uma gestão parcimoniosa" tem sido possível alcançar os "bons resultados" deste instituto, que ainda assim diminuiu os índices de actividade no ano passado.

"2013 não foi um ano tão bom em termos de crescimento como costuma ser, o que resultou da sucessão de restrições de financiamento, das limitações à gestão de recursos humanos que hoje existe em todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS)", adiantou.

Apesar das restrições, o IPO de Lisboa - onde anualmente são tratados 8.000 novos casos de cancro - "garantiu níveis de resposta compatíveis com o que conhecemos e que são um enorme caso de sucesso", assegurou.

No IPO de Coimbra, que trata todos os anos 6.000 novos casos de cancro, há 20 lugares vazios que aguardam há cerca de um ano por autorização das Finanças para a contratação de substitutos.

Manuel António Silva, administrador deste IPO, disse aos jornalistas que os pedidos são feitos com "alguma insistência" ao Ministério da Saúde e revelou que só muito recentemente obtiveram autorização para a contratação de algum pessoal, ainda assim inferior ao necessário.

Garante que esta carência de pessoal não aumenta as listas de espera nem o tempo de espera, mas sublinha que tal só tem sido possível porque os funcionários estão a assegurar o trabalho dos que saíram, o que, reconheceu, pode ter contribuído para o adiamento da resolução da situação.