Quantas pessoas há em Pessoa?
09 fev, 2012 • Maria João Costa
Exposição inaugura hoje na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, onde fica até 30 de Abril. A mostra possui ainda uma forte componente multimédia, composta por filmes e poemas ditos.
Meia centena de documentos inéditos e a arca onde Pessoa guardava os seus textos estão disponíveis na exposição “Fernando Pessoa, plural como o universo”, na Gulbenkian, até 30 de abril. A exposição chegou agora a Lisboa depois de ter sido visitada por 400 mil pessoas no Brasil.
Na exposição “Fernando Pessoa, Plural como o Universo”, descobrem-se meia centena de inéditos, elementos sobre a vida e obra do escritor e a sua famosa arca.
Dizia que "ser poeta e escritor não constituía profissão, mas vocação". Foi um e vários ao mesmo tempo. Fernando Pessoa é o poeta "plural como o Universo", que motiva a exposição que viajou do Brasil para Lisboa.
Em "Fernando Pessoa, Plural como o Universo ", inaugurada esta quinta-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, onde fica até 30 de Abril, descobrem-se meia centena de inéditos do poeta, elementos sobre a sua vida e obra e a famosa arca, propriedade de um particular que se mantém anónimo.
Concebida para o Museu da Língua Portuguesa de São Paulo, esta mostra revela os Pessoas de Pessoa. “Apresenta os heterónimos segundo o jogo de Fernando Pessoa, isto é autonomamente. Há uma cabina dedicado ao heterónimo principal, ao Bernardo Soares e uma cabina dedicada a todos os outros, chamada ‘Eu Sou Muitos’”, explica Richard Zenith, um dos curadores, à Renascença.
A enriquecer a exposição de Lisboa estão manuscritos do espólio de Pessoa, o retrato pintado por Almada Negreiros da colecção da Gulbenkian e a valiosa arca.
“Se tem esse valor é porque naquela arca, durante décadas, estavam milhares de originais manuscritos e dactilografados por Fernando Pessoa. Fernando Pessoa morreu, a família sabia que havia a arca, que ele depositava lá umas coisas, mas não lhe mexia. E, depois, descobriu esse universo, que está nesta exposição, o Fernando Pessoa plural”, diz o investigador pessoano.
Os inéditos, provenientes da Biblioteca Nacional e de coleccionadores particulares, estão expostos na última sala da mostra, em vitrinas: cartas, cadernos, várias anotações, postais, listas de dívidas, poemas.
No mesmo espaço vão ficar exemplares de toda a obra de Pessoa em português e traduzida para outras línguas, instalados numa mesa com oito metros de comprimento por quatro de largura, para proporcionar aos visitantes uma oportunidade de leitura ou releitura da obra.
A exposição nasceu de uma colaboração entre a Fundação Gulbenkian, a Fundação Roberto Marinho e o Museu da Língua Portuguesa de São Paulo.