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Vozes de várias religiões expressam solidariedade com o Papa

12 fev, 2013 • Filipe d’Avillez

Cristãos, judeus e muçulmanos foram unânimes ao revelar respeito, mas também pesar pela decisão de Bento XVI de resignar a partir de dia 28 de Fevereiro, às 20h00. 

Vozes de várias religiões expressam solidariedade com o Papa
O metropolita Hilarion, dirigente da Secção Internacional da Igreja Ortodoxa Russa (IOR), declarou hoje esperar que o sucessor de Bento XVI continue a luta contra a “ditadura do relativismo”, pela conservação dos valores cristãos tradicionais e pelo desenvolvimento das relações entre católicos e ortodoxos.
 
“Ainda antes de chegar ao trono de Roma, o cardeal Ratzinger declarou guerra à ‘ditadura do relativismo', própria da actual sociedade ocidental. Isso tornou-o logo impopular aos olhos dos jornalistas e políticos laicos. O Papa Bento XVI não é uma estrela dos media, mas um homem da Igreja”, acrescentou o chefe da diplomacia ortodoxa russa.
 
“Esperemos que o seu sucessor continue no mesmo caminho e que as relações entre ortodoxos e católicos avancem para o bem comum de todo o mundo cristão”, frisa o metropolita num comunicado publicado no sítio oficial da IOR.
 
“Nos últimos anos, a Igreja Católica enfrenta desafios muito sérios, que exigem novos impulsos que devem partir da Santa Sé. Talvez isso tenha levado o Papa a ceder o seu lugar a um hierarca mais jovem e dinâmico. A decisão de abandonar o seu cargo na situação actual pode ser considerada um ato de coragem pessoal e humildade”, acrescentou.
 
Segundo Hilarion, “o Papa é um grande teólogo, conhece bem a tradição da Igreja Ortodoxa, possuindo ao mesmo tempo sensibilidade que lhe permite organizar as relações com as Igrejas Ortodoxas ao nível devido”.

Também o Patriarca de Constantinopla, "primus inter pares" da comunhão ortodoxa, manifestou grande tristeza pela resignação.

“Falar-se-á dos seus escritos durante muitos anos. São um testemunho do seu profundo conhecimento de teologia, dos padres da Igreja indivisa, do seu contacto com o mundo moderno e do seu interesse vivo pelos problemas da Igreja”, afirma Bartolomeu I.

“Na Igreja Ortodoxa sempre o honraremos como um querido e leal amigo da nossa Igreja e um fiel servidor da causa sagrada da nossa reunificação. Com amor fraternal, manter-nos-emos informados sobre a sua saúde e o seu trabalho teológico”.

Outras igrejas cristãs separadas de Roma também não perderam tempo a comentar a notícia. O recém-empossado Arcebispo de Cantuária, Justin Welby, mostrou compreender a posição de Bento XVI.
 
O líder espiritual da Igreja Anglicana disse que a notícia o tinha deixado de “coração pesado”, mas realçou que o Papa levou a cabo o seu ministério com “grande dignidade, visão e coragem”.
 
O Papa da Igreja Copta, Tawadros II, ainda não se pronunciou, mas o líder dos coptas no Reino Unido emitiu um comunicado onde dava conta do “grande pesar” com que recebeu a notícia da resignação.
 
“Embora apenas tenha sido líder e pai da Igreja Católica Romana por um período relativamente curto, vimos as suas grandes contribuições e defesa não só do seu rebanho mas de todas as comunidades cristãs, no Médio Oriente e em todo o mundo”, escreve o bispo Angaelos, do Reino Unido, que promete rezar agora por aqueles que ficam encarregues de eleger um sucessor para Bento XVI.

Surpresa inter-religiosa
Também os líderes de outras religiões manifestaram a sua surpresa e emoção perante o anúncio de Bento XVI. Segundo uma fonte citada pela agência italiana Ansa, o responsável pela Universidade de Al-Azhar, uma das mais importantes instituições do Islão Sunita, terá ficado “abalado” com a notícia.
 
De Israel vieram os melhores votos do rabino-mor daquele país, a principal autoridade judaica do mundo. Yona Metzger elogiou a aposta de Bento XVI no diálogo inter-religioso e disse que as relações entre Israel e o Vaticano nunca foram tão boas como agora.

Não perca o documentário Do Amor à Verdade, sobre o pontificado de Bento XVI, disponível no site da Renascença.

[Actualizado dia 12 de Fevereiro, às 14h00]