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Maior obra de caridade é a evangelização, diz Bento XVI

01 fev, 2013 • Filipe d’Avillez

Na sua mensagem para a Quaresma de 2013, o Papa volta a falar da importância de não se separar as dimensões da fé e da caridade na vida cristã.  

A mensagem do Papa para a Quaresma de 2013 foi divulgada no site do Vaticano. Bento XVI volta a abordar a questão da verdadeira caridade cristã, que nunca deve ser confundida com um mero “activismo moralista”.

“Por vezes tende-se a circunscrever a palavra ‘caridade’ à solidariedade ou à mera ajuda humanitária; é importante recordar, ao invés, que a maior obra de caridade é precisamente a evangelização, ou seja, o ‘serviço da Palavra’. Não há acção mais benéfica e, por conseguinte, caritativa com o próximo do que repartir-lhe o pão da Palavra de Deus, fazê-lo participante da Boa Nova do Evangelho, introduzi-lo no relacionamento com Deus: a evangelização é a promoção mais alta e integral da pessoa humana.”

Ao acentuar a importância de um trabalho caritativo fundado na fé e guiado pela evangelização, o Papa tem ainda o cuidado de explicar que a fé, sem obras de caridade, é como uma “árvore sem fruto”.

“Se, por um lado, é redutiva a posição de quem acentua de tal maneira o carácter prioritário e decisivo da fé que acaba por subestimar ou quase desprezar as obras concretas da caridade reduzindo-a a um genérico humanitarismo, por outro é igualmente redutivo defender uma exagerada supremacia da caridade e sua operatividade, pensando que as obras substituem a fé”, lê-se no texto da mensagem.

Este tem sido um tema recorrente nos últimos tempos e demonstra a importância que Bento XVI atribui à missão caritativa da Igreja, que deve ser dinâmica sem, contudo, sacrificar os seus princípios cristãos.

Em Dezembro de 2012, o Papa publicou o documento “De Caritate Ministranda” que dá novas orientações para as organizações caritativas católicas. No fundo está a preocupação com algumas organizações que se têm afastado da vertente evangelizadora, focando-se unicamente no “activismo moralista” de que o Papa fala nesta mensagem.

Mas a Igreja está também cada vez mais preocupada com a independência ideológica de algumas organizações que recebem financiamento público ou de organizações não-governamentais que ficam, por isso, limitadas na sua acção evangélica ou, pior, acabam por se ver envolvidas na promoção de ideias contrárias à doutrina cristã.

Alguns exemplos têm chegado do Reino Unido e dos Estados Unidos. No caso britânico todas as agências de adopção católicas optaram por encerrar para não terem de colocar crianças ao cuidado de homossexuais. Nos Estados Unidos decorre actualmente um braço de ferro entre instituições católicas, como hospitais e universidades, que o Governo quer obrigar a financiar serviços contraceptivos e abortivos aos seus funcionários.

O debate naqueles países pôs-se entre quem acha que mais vale aceitar essas questões como um mal menor em relação ao bem público que as instituições representam e quem considera que a identidade cristã nunca deve ser colocada em causa. As orientações do Vaticano apontam claramente no sentido desta última hipótese.