Bento XVI classificou como “um verdadeiro atentado” a mudança em curso na definição legal de casamento e criticou a ideologia de género por promover uma “revolução antropológica” que se fundamenta numa “falsidade”.
“Se antes tínhamos visto como causa da crise da família um mal-entendido acerca da essência da liberdade humana, agora torna-se claro que aqui está em jogo a visão do próprio ser, do que significa realmente ser homem”, referiu nesta sexta-feira, no Vaticano, durante o encontro de Natal com os membros da Cúria Romana.
Citando o rabino-chefe de França, Gilles Bernheim, Bento XVI frisou que o “ataque à forma autêntica da família [constituída por pai, mãe e filho]” está a atingir uma dimensão ainda mais profunda.
"Se antes tínhamos visto como causa da crise da família um mal-entendido acerca da essência da liberdade humana, agora torna-se claro que aqui está em jogo a visão do próprio ser, do que significa realmente ser homem. Ele cita o célebre aforismo de Simone de Beauvoir: «Não se nasce mulher; fazem-na mulher». Nestas palavras, manifesta-se o fundamento daquilo que hoje, sob o vocábulo «gender - género», é apresentado como nova filosofia da sexualidade. De acordo com tal filosofia, o sexo já não é um dado originário da natureza que o homem deve aceitar e preencher pessoalmente de significado, mas uma função social que cada qual decide autonomamente, enquanto até agora era a sociedade quem a decidia", precisou.
Para o Papa "salta aos olhos a profunda falsidade desta teoria e da revolução antropológica que lhe está subjacente. O homem contesta o facto de possuir uma natureza pré-constituída pela sua corporeidade, que caracteriza o ser humano. Nega a sua própria natureza, decidindo que esta não lhe é dada como um facto pré-constituído, mas é ele próprio quem a cria. De acordo com a narração bíblica da criação, pertence à essência da criatura humana ter sido criada por Deus como homem ou como mulher. Esta dualidade é essencial para o ser humano, como Deus o fez."
Segundo Bento XVI, é incontestável, especialmente no mundo ocidental, a “crise” que ameaça a família “até nas suas próprias bases”.
“Os desafios, neste contexto, são complexos. Há, antes de mais nada, a questão da capacidade que o homem tem de se vincular ou então da sua falta de vínculos”, assinalou.
O Papa declarou que a recusa desses laços definitivos promove o desaparecimento de “figuras fundamentais da existência humana: o pai, a mãe, o filho”.
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