13 set, 2012 • Maria João Costa
A viver há quase 50 anos na Argélia, Henri Teissier, bispo emérito de Argel, é um dos maiores especialistas da relação entre as duas religiões e defende ser preciso encontrar aqueles que, dos dois lados, querem ser amigos da paz. Está de visita a Portugal para lançar um livro.
A obra, com prefácio do Padre Tolentino Mendonça, relata a vida de Christophe Lebreton, um dos sete monges trapistas do Mosteiro de Nossa Senhora do Atlas raptados e mortos durante a guerra civil na Argélia. Até ser raptado e feito refém, este monge que se dedicava ao jardim e horta do mosteiro, manteve um diário. Páginas onde contou quais são as sementes que dão fruto na relação entre muçulmanos e cristãos.
“Ele não cria uma teoria sobre a relação entre o cristianismo e o islão. Conta como vive essa relação com os seus vizinhos. Podemos criticar as posições teóricas do islão, mas quando estamos perante um muçulmano devemos viver numa fraternidade evangélica: épreciso saber como se comunica, como a provamos com gestos e actos. É sobretudo mostrar como respeitamos o outro, explica Teissier à Renascença.
Procurar os amigos da paz
O livro editado pelos Missionários da Consolata mostra como a construção da relação entre as duas religiões é possível mesmo nos dias de hoje. “Devemo-nos encontrar, conversar e partilhar. Ou seja, criar uma relação importante. É essa a nossa missão. Uma relação de respeito para encontrarmos juntos uma visão de Deus e para encontrarmos juntos a nossa responsabilidade no mundo actual e fazermos uma sociedade de paz”, advoga.
Henri Teissier é um dos maiores especialistas nas relações entre cristãos e muçulmanos, a viver no mundo árabe por opção, defende ser possível a construção de uma coligação de paz: “Não vamos retomar o tempo das cruzadas. É preciso que os cristãos de boa vontade e muçulmanos de boa vontade se encontrem e façam os possíveis para se conhecerem melhor, para uma verdadeira solidariedade e para a paz. Há inimigos da paz, mas é preciso encontrar aqueles que querem ser amigos da paz e juntos devemos procurar o caminho para a paz”.
De origem francesa, Henri Teisseir é cidadão argelino há 46 anos. Está em Lisboa onde esta quinta-feira vai dar uma conferência no auditório Montepio Geral, depois das 16h30, após a exibição do filme “Des hommes et des dieux”, que relata a vida e o martírio dos sete monges trapistas no Mosteiro de Nossa Senhora do Atlas.