Padres reunidos em Fátima para Simpósio Nacional do Clero
04 set, 2012 • Olímpia Mairos
Algumas dioceses procuram formas de optimizar o trabalho dos padres, formando unidades pastorais.
Na sequência do desafio e convite feitos pelo Papa Bento XVI a toda a Igreja, os sacerdotes portugueses participam em Fátima no 7º Simpósio Nacional do Clero.
A iniciativa que se prolonga até ao dia 7 é organizada pela Comissão Episcopal Vocações e tem como tema "O padre, homem de fé – do mistério ao ministério".
D. Virgílio Antunes disse na sessão de abertura que actualmente se “sente uma fractura entre os modos de estar do padre e diferentes atitudes relativamente à teologia e à moral”. Uma diversidade que, já à margem do evento, o Presidente da comissão episcopal das vocações e ministérios admitiu provocar alguma perturbação.
“O povo de Deus muitas vezes toca nesse aspecto, diz que o pároco tem uma atitude, já o da paróquia ao lado tem outra. Não digo que leve a um afastamento, mas as pessoas ficam perturbadas por ver formas de agir tão díspares”, afirmou.
Daí a necessidade de se definir a identidade do padre: “A Igreja tem de manifestar a comunhão, na doutrina, na fé, na relação entre os cristãos e também na acção e no modo de agir. Gostaríamos que em Portugal se caminhasse, não digo para uma forma unívoca de conceber a realidade, mas que esta reflexão fizesse parte dos trabalhos deste simpósio”.
Para reflectir sobre o assunto, perto de 500 sacerdotes estão a partir de hoje reunidos em Fátima no 7º Simpósio Nacional do Clero, este ano subordinado ao tema ”O Padre, Homem de fé – do mistério ao ministério”.
O dia de um padre em Bragança
A Renascença acompanhou o dia-a-dia de um padre de Bragança, diocese que vai agora adoptar o esquema das unidades pastorais, para saber como vivem estes homens que se dedicam a Deus e à Igreja.
O acordar é todos os dias à mesma hora pelas 6h da manhã, a missão do Cónego Valentim Bom assim o exige.
“A minha vida de sacerdote é madrugar e deitar cedo. Os meus dias são muito preenchidos, porque além da vida paroquial propriamente dita, tenho também o Centro Paroquial que me dá muito trabalho, por isso ando sempre ocupado”.
Actualmente tem três paróquias com nove aldeias. É preciso percorrer alguns quilómetros entre elas e o sábado e o domingo são os dias de maior trabalho, com a celebração de pelo menos seis missas, duas ao sábado e quatro ao domingo.
“É a altura própria de semearmos na nossa paróquia e de recolhermos também o fruto dessa sementeira. É o dia especial, do pároco, da comunidade. Fazermos do Domingo o dia do Senhor é complicado para nós, não podemos falar de fim-de-semana no sentido vulgar, mas sim num fim-de-semana trabalhoso, mas também gratificante”, explica.
Em marcha na Diocese de Bragança – Miranda estão as Unidades Pastorais. O Cónego Valentim vai coordenar a Unidade de Mirandela. Espera-se que com o aumento da responsabilidade diminua o trabalho: “Traz uma nova visão das coisas, da pastoral, porque o método que tínhamos não resolvia os nossos dias. Matávamo-nos com trabalho e o resultado não era o que esperávamos”.
Trabalho é o que não falta aos párocos que na Diocese de Bragança – Miranda vão, agora, passar a trabalhar em equipa numa pastoral de conjunto.