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O líder de seita que organizava casamentos em massa

03 set, 2012 • Filipe d’Avillez

Sun Myung Moon construiu um império financeiro e chegou a casar um arcebispo católico. O autoproclamado messias dizia ter o apoio de Jesus, Buda, Hitler e Stalin.  

O líder de seita que organizava casamentos em massa
Morreu hoje, aos 92 anos, o reverendo Sun Myung Moon, fundador e líder da Igreja da Unificação, promotor de casamentos em massa e autoproclamado salvador da humanidade.

Moon e a sua Igreja ganharam especial protagonismo entre as décadas de 60 e 80, altura em que o número de fiéis aumentou exponencialmente em todo o mundo, ao mesmo tempo que o pastor sul-coreano se tornava um magnata no mundo dos negócios, com grande influência social e política nos países onde operava, principalmente na Coreia, Japão e Estados Unidos. Em Portugal a Igreja não tem expressão.

A teologia de Moon, que foi revista várias vezes, defendia que Jesus tinha falhado na sua missão uma vez que foi crucificado antes de se poder casar e ter filhos. Moon teria sido encarregado por Deus de levar a bom porto a salvação do mundo promovendo casamentos entre os seus membros dos quais nasceria uma nova geração de filhos sem pecado.

Moon e a sua mulher eram conhecidos como os “pais perfeitos” da comunidade de fiéis e o líder religioso chegou mesmo a proclamar-se messias, afirmando que todos os grandes líderes mundiais e religiosos da história, incluindo Jesus, Buda, Stalin e Hitler, tinham manifestado a seu favor a partir do além.

Sun Myung Moon era também um patrocinador de actividades anticomunistas. Nos anos 40 tinha sido preso e, segundo a sua biografia, torturado na Coreia do Norte. Passou a ver os Estados Unidos como o lugar da salvação do mundo e investiu fortemente naquele país, ganhando muitos adeptos e construindo um império financeiro que a dada altura incluiu uma universidade e o jornal The Washingon Times.

Já depois do ano 2000 a sua Igreja voltou a ser muito falada depois do arcebispo emérito de Lusaka, Emmanuel Milingo, ter sido casado numa das cerimónias em massa organizadas pela Igreja, nas quais chegavam a participar 10 000 pessoas, reunidas em casais feitos por Moon com base em questionários.

Milingo foi chamado a Roma e renunciou ao seu casamento, mas mais tarde voltou novamente atrás e acabou por sair da Igreja Católica em ruptura, tendo fundado um movimento a favor do casamento dos sacerdotes. Foi reduzido oficialmente ao estado laical em 2009.