Um em cada cinco americanos pensa que Obama é muçulmano
26 jul, 2012 • Filipe d’Avillez com Reuters
Sondagem revela que a identidade religiosa dos dois candidatos à presidência americana não deve afectar a escolha dos eleitores.
Quatro anos depois de ter sido eleito, Barack Obama ainda não conseguiu sacudir a ideia de que é muçulmano aos olhos de muitos americanos.
Uma sondagem feita pela Pew Research Center revela que 17% dos americanos - praticamente um em cada cinco - continua a pensar que o presidente, que de facto nasceu de pai muçulmano, professa o Islão. A verdade, porém, é outra. Obama diz que nunca praticou o Islão e é sabido que se converteu ao Cristianismo na sua juventude.
O número de pessoas que identifica Obama como muçulmano varia consoante os partidos de preferência. Entre republicanos conservadores são 34% os que mantêm esta ideia, mas o mais curioso é que o número de pessoas que diz saber que o presidente é cristão diminuiu desde as eleições de 2008, de 55% para 49%.
Quase metade dos inquiridos, independentemente da ideia que têm, diz-se confortável com a religião do presidente, contra um em cada cinco que manifesta desconforto.
A influência da religião no voto
A sondagem pretendeu também saber a importância que a religião dos candidatos à presidência pode ter na corrida à Casa Branca, em Novembro.
Mitt Romney, o candidato dos republicanos, pertence à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, conhecida informalmente como a Igreja Mórmone, que não é considerada cristã pela maioria das confissões cristãs, incluindo a Igreja Católica.
Este facto revelou-se uma dificuldade nas primárias, com Romney a perder muitos votos dos cristãos evangélicos, uma fatia significativa do eleitorado americano, para Rick Santorum, um católico conservador. Uma vez que Santorum desistiu da corrida, Romney parece reunir o consenso do eleitorado republicano, com 81% dos inquiridos a dizer que a religião do candidato não os preocupa.
A nível da importância da religião nas eleições americanas, as maiores dificuldades podem estar do lado de Barack Obama, que se encontra no meio de uma disputa com várias igrejas, incluindo a Católica, por querer obrigar uma grande parte das instituições religiosas, como por exemplo universidades e hospitais, a fornecer aos seus trabalhadores seguros de saúde que cubram, entre outras coisas, serviços contraceptivos e abortivos.
Os bispos católicos estão a combater a medida por via judicial e contam com o apoio de um vasto leque de líderes de outras religiões, incluindo todo o episcopado ortodoxo, alguns grupos de judeus e representantes de várias confissões protestantes.