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Medo reina entre cristãos na Síria

26 jul, 2012

Para alguns rebeldes os cristãos são vistos como próximos do regime e por isso como um alvo a abater.

Medo reina entre cristãos na Síria
Cristaos na Siria
Os cristãos das duas principais cidades da Síria, Damasco e Aleppo, estão cada vez mais preocupados com o futuro.

Depois dos ataques rebeldes na capital, onde a paz apenas foi reestabelecida ao longo dos últimos dias, um padre falou com a fundação Ajuda à Igreja que Sofre e descreveu a sensação de ter celebrado missa com a violência como pano de fundo.“Foi a primeira vez que celebrei missa ao som de tiros e explosões. Foi muito difícil. Rezámos intensamente pela paz. Depois, os fiéis abraçaram-me com emoção. Embora ainda estivessem com medo, foram para casa fortalecidos”.

O sacerdote, que não se identificou por questões de segurança, explicou que os populares estão a tentar sobreviver na cidade apesar de faltarem muitos alimentos e não haver gás nem electricidade nos bairros mais afectados, isto com temperaturas na casa dos 40 graus.

Contudo, afirmou que não pensa abandonar o seu rebanho: “Não sairei. Sou padre nos bons e nos maus momentos. Isso significa que sou ‘pai’ e devo permanecer com os meus”.

Na segunda cidade mais importante da Síria, Aleppo, os cristãos estão ainda na fase de apreensão. Os rebeldes ocuparam várias partes da cidade e ontem colunas blindadas avançavam sobre ela para os combater.

O bispo caldeu de Aleppo explicou, em declarações recolhidas também pela Ajuda à Igreja que Sofre, que existe muito medo entre os cristãos: “Temos medo de que nesta situação de anarquia, homens armados entrem nas áreas cristãs, como fizeram em Homs. Isso seria desastroso para nós”, afirmou o bispo Antoine Audo, referindo-se à expulsão em massa dos cerca de 120,000 cristãos que abandonaram aquela cidade.

Antoine Audo diz que as razões que poderiam levar a um ataque aos cristãos são “muito complexas” e que não é capaz de dar razões claras pelas quais os cristãos seriam atacados, mas esclarece que “somos uma minoria, estamos sempre sob ameaça”.

Para alguns rebeldes os cristãos são vistos como próximos do regime e por isso como um alvo a abater. O próprio monsenhor Audo afirmou, em Junho do ano passado, que os cristãos estavam todos com o regime, bem como 80% da população síria, e que os rebeldes nada mais queriam do que dividir o país.

Hoje, mostra-se mais cauteloso: “Quando me perguntam quem é que apoio, respondo sempre que estou do lado do meu país. Estou a fazer tudo o que puder para salvar a Síria, este nosso belo país”.