Bispos guineenses apelam à reconciliação em período eleitoral conturbado
11 abr, 2012 • Domingos Pinto
D. Pedro Zilli diz que os ânimos estão exaltados, embora a Semana Santa tenha decorrido normalmente.
Os bispos da Guiné-Bissau pedem sinais de reconciliação e de paz para a segunda volta das eleições presidenciais marcadas para o próximo dia 22.
O segundo candidato mais votado na primeira volta, Kumba Ialá, recusa-se mesmo a disputar a segunda volta contra Carlos Gomes Júnior, o candidato que obteve mais votos.
O período eleitoral está marcado por acusações de fraude eleitoral, uma das preocupações da nota pastoral que os bispos da Guiné-Bissau escreveram aos católicos do país e que marcou a Semana Santa e as festas pascais num país que vive num ambiente de campanha eleitoral.
A primeira volta mostrou que há tensão no país. Os bispos guineenses pedem por isso mesmo que haja um esforço para a reconciliação num momento tão decisivo, como explica D. Pedro Zilli, bispo de Bafatá.
“Os ânimos andam acirrados, mas nós como Igreja convidamos os cristãos a viverem o aspecto fundamental da reconciliação, atendendo até ao pedido do sínodo. Na mensagem pedimos a cada cristão que se reconcilie com Deus, com o irmão e consigo mesmo, e propomos que valorizem o sacramento da penitência”, explica.
Neste momento a situação está mais calma. Pelo menos a Semana Santa decorreu em paz, diz D. Pedro Zilli, que confia no esforço dos líderes políticos. “Vivemos a Semana Santa com grande tranquilidade. Em Bafatá tive a alegria de baptizar 14 jovens, adolescentes. Coloco toda a minha confiança nos dirigentes do país.”
Já quanto à situação do país, o bispo de Bafatá está sobretudo preocupado com a educação. O ano escolar tem sido difícil, diz: “Penso na educação, nas escolas, educação essa que não tem conseguido corresponder a todos os anseios e necessidades. Tem sido um ano um pouco difícil”
D. Pedro Zilli foi um dos três bispos da Guiné-Bissau que assinaram esta carta pastoral de apelo à reconciliação nacional.