Bispo grego diz que "as pessoas perderam a confiança nos políticos"
13 fev, 2012 • Ricardo Conceição
Secretário do Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa Grega diz que esta não é a primeira nem será a última crise e que a Grécia vai ultrapassá-la.
A Igreja Ortodoxa Grega distribui diariamente cerca de 200 mil refeições.
O número de pessoas que recorre às instituições da Igreja está aumentar de dia para dia e a maioria dos beneficiários é grega.
Só em Atenas são servidas por dia dez mil refeições. É apenas um exemplo do papel que a Igreja na Grécia desempenha na sociedade.
O Bispo Gabriel, auxiliar do Arcebispo de Atenas, diz que a Igreja está bem presente no terreno: “Há tantos problemas sociais, tanta gente que sofre de pobreza, é difícil encontrar emprego. O que podemos fazer por eles? Dizer-lhes para rezarem? É importante, mas não chega. Se alguém tem fome não bastar darmos peixe, temos que o ensinar a pescar para poder reagir à situação em que está”, explica, em declarações à Renascença.
O Bispo Gabriel é o secretário do Santo Sínodo da Igreja da Grécia e confessa-nos que espera que este plano de austeridade, aprovado ontem, seja o último, mas que não tem certezas: “Eu não sei. Eu esperava que esta fosse a melhor resposta, mas até agora o que vejo por parte dos políticos. Posso dizer-lhe o que dizem as pessoas, elas perderam a confiança nos políticos, não sabem se vai ser o último, ou se daqui a dois ou três meses vai surgir um novo programa de austeridade. Ninguém pode, eu pessoalmente não posso, dizer que tenho a certeza que este vai ser o último plano seguido pela Grécia.”
A Igreja Ortodoxa Grega tem um grande poder no país e está muito preocupada com os gregos e com a Europa. O Bispo Gabriel acrescenta que esta é uma crise que raízes morais: “A crise que temos na União Europeia não tem apenas razões económicas, antes de tudo é uma crise moral. E uma vez que as raízes desta crise são morais é fácil de perceber que a Igreja, que é uma instituição fundamental, fala de questões morais, princípios e valores, primeiro temos que levantar estas questões e explicar às pessoas como devem actuar e como devem reagir para ultrapassar esta crise”, considera aquele que é um dos mais novos bispos da Igreja grega.
Apesar dos tempos que vive, o Bispo Gabriel acredita que a Grécia vai dar a volta: “Esta não é a primeira, nem será a última crise. Temos de manter a nossa fé e não perder a fé nos nossos. Ou seja, manter o nosso espírito de solidariedade e de colaboração e vamos conseguir ultrapassar a crise”.
A Igreja Ortodoxa Grega é a religião oficial do Estado e a esmagadora maioria dos gregos é baptizada na fé ortodoxa. A hierarquia goza de muito prestígio e de uma grande influência política, não se coibindo de expressar a sua opinião sobre assuntos públicos.
Como exemplo disso mesmo, o Arcebispo de Atenas escreveu uma carta muito dura ao Governo, a Igreja Ortodoxa Grega está muito preocupada com os gregos e com o Futuro e exige à classe politica que proteja o país e os cidadãos, considerando que a paciência dos gregos está a chegar ao fim.