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Irão endurece perseguição aos Bahá’í

07 fev, 2012 • Filipe d’Avillez

Comunidade Bahá’í nasceu no Irão e é a maior minoria religiosa não islâmica no país. Nas últimas semanas têm sentido a pesada mão da perseguição de Teerão.  

Dezenas de seguidores da religião Bahá’í foram detidos nas últimas semanas com o aumento das medidas persecutórias contra a comunidade naquele país.

Segundo Marco Oliveira, da comunidade Bahá’í em Portugal, os seus correligionários no iranianos vivem agora um sistema de “apartheid”, e um ambiente cada vez mais sufocante.

“Os bahá’ís além de não terem direitos de cidadania, porque não estão defendidos pela constituição iraniana, neste momento estão impedidos de um conjunto de actividades. Por exemplo os jovens não podem ingressar na universidade, quando ingressam acabam por ser expulsos passados alguns meses. Os bahá’ís não podem ser funcionários públicos, os reformados viram canceladas as suas reformas e foram obrigados a devolver o que já tinham recebido, várias pessoas que têm pequenos negócios de comércio têm visto as suas licenças revogadas, há lares e propriedades destruídas ou incendiadas”, explica Marco Oliveira.

Os piores episódios têm-se registado na cidade de Kerman, onde até parceiros e sócios que têm negócios com os bahá’í mas que não pertencem a essa religião, estão a ser afectados.

A religião Bahá’í nasceu na Pérsia e ainda existem naquele país cerca de 300 mil seguidores, que constituem a maior minoria não islâmica do Irão. O Irão tende a respeitar as comunidades indígenas de outras religiões, como os cristãos e os judeus, concedendo-lhes certos direitos na condição de que não interfiram na vida política. As excepções surgem quando muçulmanos se tentam converter a outras religiões.

Contudo, esse respeito não se estende aos bahá’í, por várias razões, como explica Marco Oliveira: “Para os muçulmanos o Judaísmo e o Cristianismo são religiões do Livro. Os muçulmanos aceitam Moisés e aceitam Jesus como profetas legítimos e divinos, mas segundo o Islão Maomé terá sido o último dos profetas. A Fé Baha’i ensina que há uma sequência contínua de profetas e que o mais recente foi Bahá'u'lláh. Isto contraria aquilo em que os muçulmanos acreditam e é isso que está na base das perseguições.”

Marco Oliveira acredita que há ainda outras razões que enfurecem a hierarquia islâmica do Irão e de outros países muçulmanos: “Os baha’i têm um conjunto de ensinamentos que o clero muçulmano mais tradicional não aceita, como por exemplo a igualdade de direitos entre homens e mulheres, a necessidade de investigação da verdade e a abolição de todas as formas de preconceito. Portanto há um conjunto de circunstâncias que tornam a Fé Bahaí um alvo preferencial das ditaduras islâmicas”.

Actualmente, segundo dados fornecidos pelos próprios bahá’í, há cerca de uma centena de pessoas da comunidade iraniana encarcerados unicamente pelas suas crenças religiosas, cerca de o dobro do que havia há poucos meses.